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0192 | I Série - Número 006 | 26 de Abril de 2002

 

olhar para o que nos rodeia, sendo nós parte integrante desses pequenos ou grandes fenómenos.
As recentes eleições em França apenas mostraram ao mundo, tantas vezes adormecido e anestesiado pelo lucro fácil e imediato - e aqui não estamos apenas a falar de dinheiro -, o que está a pulsar num mundo em que o Homem cuida pouco do seu próximo. Nesta matéria, o CDS está particularmente à vontade, e não o dizemos com prazer ou para rentabilizar politicamente uma afirmação, mas porque temos memória.
Quantas vezes o líder do Partido - hoje membro do Governo - foi questionado pelas suas convicções político-sociais, que são, e sempre foram, as do CDS, e que foram também as do homem que contribuiu decisivamente para esta minha primeira intervenção, enquanto Deputado eleito pelos meus concidadãos?
Permitam-me que aqui recorde com emoção Nuno Krus Abecasis.

Aplausos do CDS-PP e de alguns Deputados do PSD e do PS.

Nuno Abecasis consolidou em todos nós o combate ao egoísmo em prol do bem comum. Foi um homem de conflitos - foi -, mas era também a expressão da indignação por aquilo que achava estar de mal com os princípios da democracia cristã ou, numa designação mais directa, da solidariedade.
O que recentemente aconteceu em França e fez acordar o mundo tem a ver com isso mesmo. O CDS alertou para o que estava a fermentar; há problemas de segurança no mundo de hoje que são diferentes do dia de ontem. As questões da imigração, se exigem, por um lado, uma visão rigorosa nas entradas, requerem uma política humanista na reintegração. Há uma sociedade sem fronteiras, e quem leu o Paradigma Perdido de Edgar Morin, independentemente de ser de esquerda ou de direita, compreende facilmente a dimensão do problema.
A Europa é hoje um espaço enriquecido pelas divergências que permitem uma união política e económica. Façamo-lo, no nosso modesto contributo, um espaço de solidariedade social, mas façamo-lo sem esconder as dificuldades, assumamos as diferenças para, o mais atempadamente possível, evitarmos a tentação por soluções extremistas.
As eleições francesas servem também para desmistificar os preconceitos em relação àquilo que o CDS sempre defendeu sem preconceitos.
Minhas Senhoras e Meus Senhores: Os portugueses sabem que têm hoje, por vontade da democracia, um Governo coeso e estável, com origem nesta Câmara, plataforma incontornável para o normal funcionamento do nosso sistema político. Coloca-se a todos o desafio da dignificação da actividade política.
Permitam-me, enquanto Deputado dessa maioria, uma referência concreta a um pormenor importante do passado recente.
Em campanha eleitoral, o actual Primeiro-Ministro teve a ousadia de referir-se à desorganização que existe nas relações internacionais, falando na possibilidade de degeneração de um conflito regional. Falava do Médio Oriente, e a ousadia clarividente serviu para muita gente glosar, dizendo que vinha aí uma «guerra mundial», utilizando os termos em que a questão foi posta eleitoralmente.
Vejamos, agora, o que, infelizmente, entretanto aconteceu, sem sabermos o que poderá ainda acontecer.
Mas o mundo não é apenas uma existência de conflitos negativos. Tenhamos também a noção das oportunidades com que somos confrontados. Assim, Portugal deve saudar a independência próxima de um novo Estado de língua oficial portuguesa. Timor é, neste 25 de Abril, parte do nosso orgulho.
Sejamos também capazes de olhar e pensar a nova oportunidade que Angola oferece aos angolanos.
Sem egoísmos, ou interesses menores, sejamos capazes de perceber que o espírito do 25 de Abril não está completamente cumprido. Portugal será mais forte se contribuir para o desenvolvimento da democracia num país que esteve e - por que não dizê-lo - estará sempre ligado às raízes de uma aventura. Há que agarrar as circunstâncias e contribuir para uma reinserção social de dois povos ligados pela construção de um projecto comum.

Aplausos do CDS-PP.

Minhas Senhoras e Meus Senhores: Portugal tem a vantagem de ser um país com raízes e origem. Hoje, faz parte de pleno direito de um espaço com história, a União Europeia. Temos direitos, mas também temos deveres.
A nossa soberania enquanto nação conquista-se não nas fronteiras quase abolidas, mas no contributo que devemos dar à defesa desse espaço comum. Nesse plano, têm especial relevo as Forças Armadas e as missões em que estão inseridas ou aquelas em que venham a participar. É nesse contexto e nesse objectivo que faz todo o sentido, uma vez mais, um esforço nacional contra pontuais egoísmos. É importante dar meios operacionais para que as Forças Armadas executem com dignidade o seu papel.
É importante sermos exigentes - e quanto o princípio da exigência tem faltado ao exercício da política! - para que possamos, todos sem excepção, encontrar um pólo comum no exercício das nossas responsabilidades parlamentares.
Minhas Senhoras e Meus Senhores: Preservar e valorizar hoje a democracia de Abril, pelas dificuldades que todos sabemos reconhecer, é o desafio que se coloca a esta maioria governamental. Sejamos lúcidos, sendo exigentes com nós próprios.
O CDS está, e estará, na defesa destes princípios e na prossecução destes objectivos, sem receio de assumir perante os portugueses um modelo clarificador, procurando, antes, uni-los na diferença para a procura de um desejável equilíbrio social.
Temos consciência das dificuldades, tanto quanto sabemos que a democracia, em 28 anos, cresceu em exigência. Afinal, somos homens comuns, que voluntariamente nos obrigamos a contribuir para o bem comum. É esse o princípio da democracia cristã.

Aplausos do CDS-PP e do PSD.