7 | I Série - Número: 051 | 22 de Fevereiro de 2007
O Orador: — E porquê? Demite-se para querer ser eleito de novo. Não cumpre o mandato e quer um novo mandato. A sua demissão não altera a Lei das Finanças Regionais, a sua demissão não busca a maioria absoluta, que já tem. A sua demissão é um gesto gratuito, provocador, à espera que tudo fique na mesma. Ou melhor, com medo de cumprir o seu mandato até ao fim e sufragar-se normalmente ao fim de dois anos, Jardim antecipa-se para se prolongar.
Jardim eleito é Jardim demissionário, que quer de novo ser eleito, e sempre.
A instabilidade mora na Madeira de braço dado com o revanchismo irresponsável e a ausência de ética democrática.
Aplausos do PS.
Onde governa, seja em Lisboa ou no Funchal, o PSD é fautor e gerador de instabilidade.
Não há interesse nacional ou interesse regional que resista à necessidade de protagonismo de Alberto João Jardim.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Orador: — Em nome da autonomia, quer subverter a unidade da República. Em nome da democracia, quer plebiscitar uma lei da República. Em nome da arrogância e prepotência políticas, quer o confronto institucional com o Presidente da República e o Governo da República.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Orador: — Usa a autonomia contra a autonomia, a democracia contra a democracia, o populismo contra a República.
Aplausos do PS.
Por puro cálculo político, e com receio de enfrentar o eleitorado daqui a dois anos, Jardim vira-se para a táctica do «inimigo externo», a República. Para galvanizar a opinião pública interna, opta pelo pior caminho. A deliberada confrontação institucional com a República, através da provocação aos órgãos de soberania, é uma afronta intolerável.
O Sr. Mota Andrade (PS): — Muito bem!
O Orador: — Para que nada mude, Jardim quer que tudo mude. Jardim isola a Madeira e provoca deliberadamente a instabilidade com o único e exclusivo intuito de se plebiscitar a si próprio. É de uma completa irresponsabilidade.
Aplausos do PS.
E assim, cantando e rindo, segue o caminho do mais desbragado populismo. Que faça boa viagem, e que não nos incomode.
Os madeirenses têm aqui uma oportunidade de ouro para enviar o peronismo serôdio de Jardim para o sítio que merece: para o passado. Que isso se faça o mais cedo possível.
Aplausos do PS.
Sr.as e Srs. Deputados, o anúncio do demissionário Presidente do Governo Regional da Madeira constitui um simples corolário de uma série muito infeliz de atitudes que o líder do PSD, Dr. Marques Mendes, tem caucionado pelo silêncio.
Vozes do PS: — É verdade!
O Orador: — Quando Alberto João Jardim acusou «Sócrates, Santos & os Colaboracionistas» de «instrumentalizar o Estado de forma estalinista» para desferirem «o maior ataque colonial e autoritário contra a Madeira» e «atacar os madeirenses por razões partidárias», o Dr. Marques Mendes calou-se.
O Sr. Mota Andrade (PS): — Como sempre!
O Orador: — Quando o vice-presidente do PSD/Madeira acusou a lei de finanças regionais de ser «imposta por gente medíocre que deliberadamente quer prejudicar a Madeira», o Dr. Marques Mendes calouse.