8 | I Série - Número: 087 | 25 de Maio de 2007
água do capote» e fazer de conta que nem concorda com o triste episódio.
Pois bem, se o Primeiro-Ministro e a Ministra da Educação querem que os levemos a sério, ponham na rua a Directora Regional e determinem a imediata readmissão do professor.
Aplausos do PSD.
É porque se não o fizerem estão a chorar lágrimas de crocodilo e a ser cúmplices desta infâmia.
O segundo caso, ocorrido no final da semana passada, tem que ver com as greves na função pública.
Com o pretexto de querer conhecer os números das greves, o Governo quer agora montar um rigoroso esquema de controlo de quem faz ou não faz greve, tudo com o intuito de intimidar e inibir, no limite com o propósito de perseguir na avaliação, ou até de ameaçar com a passagem ao quadro de excedentes, os funcionários que ousem fazer greve.
Ora, a questão é esta: pode concordar-se ou discordar-se de uma greve, mas não se pode condicioná-la ou proibi-la!! A greve é um direito constitucional, é um activo de uma sociedade tolerante e democrática!
O Sr. António Montalvão Machado (PSD): — Muito bem!
O Orador: — Este esquema do Governo releva de uma concepção arbitrária e intimidatória do exercício do poder própria de quem se acha no direito de controlar quem pensa de forma diferente e quem livremente entende manifestar e exprimir essa diferença. É uma atitude profundamente totalitária, típica de um Estado policial, que só pode merecer as nossas firmes denúncia e repúdio.
Aplausos do PSD.
O terceiro caso tem que ver com a escolha do Dr. Rui Pereira para Ministro da Administração Interna.
A nomeação como Ministro de uma pessoa que um mês e meio antes havia sido designada para juiz do Tribunal Constitucional evidencia duas atitudes lamentáveis: primeira, o comportamento do Dr. Rui Pereira, que não soube honrar o compromisso que assumiu ao aceitar ser juiz do Tribunal Constitucional.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Orador: — O Dr. Rui Pereira comportou-se como um comissário político «desdignificando-se» na sua ética de responsabilidade e desprestigiando este Tribunal superior.
Aplausos do PSD.
Em segundo lugar, e mais grave, o comportamento do Primeiro-Ministro ao fazer a escolha que fez.
O Primeiro-Ministro demonstrou uma total falta de respeito por esta Assembleia, porque é esta Assembleia quem elege, por uma maioria qualificada, os juízes do Tribunal Constitucional para um mandato especialmente dilatado no tempo.
Mas o Primeiro-Ministro também desprezou o estatuto singular do Tribunal Constitucional.
Um Tribunal não é uma repartição pública, não é uma direcção-geral,…
O Sr. António Filipe (PCP): — Não é a Direcção Regional de Educação do Norte!
O Orador: — … o Tribunal Constitucional é mesmo a mais alta instância jurisdicional do Estado e os juízes do Tribunal Constitucional são escolhidos, exactamente por isso, com vista a garantir uma particular estabilidade no seu mandato, por uma maioria especialmente qualificada nesta Assembleia, não para o exercício intermitente do cargo…
O Sr. António Montalvão Machado (PSD): — Muito bem!
O Orador: — … em função de critérios políticos, de dificuldades de conjuntura ou de humores de ocasião de quem acha, à frente do Governo, poder dispor do Estado e instrumentalizar as instituições.
O Sr. António Montalvão Machado (PSD): — Muito bem!
O Orador: — Aqui fica o nosso veemente protesto e profundo repúdio.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Estes três casos, todos recentes, todos lamentáveis, têm um ponto em comum: eles são a expressão acabada do estilo de um Governo que confunde maioria absolu-