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24 | I Série - Número: 102 | 6 de Julho de 2007

O Sr. Manuel Pizarro (PS): — O debate não foi plural? Não percebo!

O Orador: — Sr. Deputado Alberto Martins, gostaria de terminar dizendo que não damos lições de democracia a ninguém, mas gostávamos que todos os democratas, inclusive o senhor, utilizassem o seu tempo e a sua energia para tornar o PS, de facto, um partido mais respeitador das liberdades e do Estado democrático em Portugal.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente: — Para uma declaração política, tem a palavra o Sr. Deputado Vítor Ramalho.

O Sr. Vítor Ramalho (PS): — Ex.
mo Sr. Presidente da Assembleia da República, Ex.
mos Sr.as e Srs. Deputados: É sabido que «Roma e Pavia não se fizeram num dia», mas há sempre um dia que é o dia primeiro. Simbolicamente, podemos assinalá-lo pela letra de um calendário, o nosso, como o dia D ou com a expressão, no caso em referência, ao dia em que a Europa falou a uma só voz, e na nossa própria língua.
Refiro-me aqui àquele dia que iniciou de facto, e não de direito, a Presidência de Portugal da União Europeia.
Esse dia foi o dia de ontem, mas para os povos e países da nossa fala deve ser o dia de todos os dias porque, como Roma e Pavia, não nos fazemos num só dia. Há agora mais um reforço da pedra da esperança no futuro da União Europeia.
Passo a explicar-me. Ontem, pela primeira vez na História da União Europeia, teve lugar uma cimeira União Europeia-Brasil. Nela não nos representando só enquanto País, que é a nação mais velha da Europa, representámo-nos no mandato recebido por 27 países e, no palco deste mundo global, fizemo-lo pelo recurso à utilização da nossa fala comum, partilhada por todos os representantes numa cimeira e que é também partilhada por mais de 200 milhões de seres humanos do planeta. Planeta esse que é, de facto, o único conhecido para nele vivermos e que está cada vez mais próximo de todos nós. Essa proximidade começou, aliás, connosco, portugueses. As longínquas terras de Vera Cruz foram um dos marcos que passaram a assinalar então os novos mundos deste novo mundo.
O responsável pelo principal partido da oposição disse, ao iniciarmos a Presidência da União Europeia, que, por estarmos perante um desígnio nacional, tudo faria para que Portugal saísse prestigiado dele. Esta afirmação é inteiramente justa, porque se irmana na essência da concepção universalista e tolerante de sermos e também de estarmos. É por isso que aqui e agora venho, desta tribuna, saudar o começo da nossa Presidência da União Europeia, que se assinalou com a cimeira com o Brasil.
Falar do Brasil e de nós, portugueses, é falar da lusofonia, da diáspora dos povos da nossa fala comum, que são cidadãos do mundo e que se expressam também através da CPLP e, naturalmente, também da presença de todos os nossos povos em todos os continentes, da África à Ásia, passando pela América Latina.
América Latina, essa, onde o Brasil, que é o «pulmão» do mundo, está a caminhar neste novo trilho para o palco a que tem direito no concerto das nações e que nós orgulhosamente apoiamos com todas as nossas forças. Apoiamos por razões e, sobretudo, pelos encontros multisseculares de cultura que, com os africanos, nos forjaram a identidade que temos e que o fado e o samba são disso mesmo resultado directo.
É o que nos diz José Ramos Tinhorão numa obra espectacular que se denomina Os Negros em Portugal — Uma presença silenciosa. No mais, porque há muitíssimo mais, há também o Padre António Vieira, que na pele miscigenada que tinha, e que poucos conhecem, é um, apenas um, dos símbolos que justificaram a casa grande e a senzala, neste mundo que criámos miscigenadamente.
Por mim, que sempre vi o nosso futuro a realizar-se no quadro da lusofonia ou pura e simplesmente a não ser, para além de estimular ao sonho disso mesmo, porque é ele que comanda a vida, não poderia deixar de sublinhar aqui e agora, com muita força, que ela, a lusofonia, é também um elo da própria União Europeia.

Aplausos do PS.

E, num período em que tanto se fala do tratado europeu, é útil e positivo que tenhamos presente que a cooperação reforçada da Europa tem na lusofonia e, obviamente, na relação com o Brasil uma ponte que tem, e deve, de ser percorrida pela própria União Europeia. Isto para irmos mais além, para irmos muito mais além, porque também aqui e agora temos, muitos de nós, de ficar libertos da própria morte para concretizarmos a redescoberta de nós próprios no século XXI. Século XXI, esse, que impõe, com coragem e com audácia — muita audácia — que reforcemos uma estratégia clara para isso mesmo.
Sei, repito, que «Roma e Pavia não se fizeram num dia», mas sei também que toda a rosa tem espinhos e que a sua beleza não se concebe sem aqueles. E é por saber isso que temos de ter presente que, havendo um longo caminho a percorrer na relação da União Europeia com o Brasil, e que começámos agora nesta cimeira, houve avanços, que têm que ver com o comércio mundial, com o ambiente e com a ener-