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7 | I Série - Número: 033 | 11 de Janeiro de 2008


Vozes do CDS-PP: — Muito bem!

O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): — A Ota «ruiu», o Primeiro-Ministro deu, mais uma vez, o dito pelo não dito e Mário Lino fez a confrangedora figura de assistir à desautorização da sua política sem ter a decência de dizer ao chefe do Governo: «Para isto não sirvo, assim vou-me embora».

Aplausos do CDS-PP.

Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, além de alguns momentos de humor que nos últimos meses divertiram o País mas abonaram muito pouco em favor dos estadistas que nos governam, o caso é mesmo muito sério.
Porque nada tivesse ocorrido entretanto e o Governo persistiria numa teimosia que, depois de concretizada, custaria aos cofres do Estado, em números indiciários necessariamente por baixo e sem qualquer derrapagem, que bem sabemos que sempre acontece, um investimento inicial da ordem dos 3000 milhões de euros, já hoje revisto pelo Primeiro-Ministro para cerca de 5000 milhões de euros. Tudo para se perceber, afinal, que a melhor solução seria outra.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: O Primeiro-Ministro português poderá dizer, doravante, que tudo aconteceu como o Governo sempre quis, e com ele o Ministro das Obras Públicas Mário Lino pode continuar a sujeitar-se a todo o ridículo.
Mas para a História não ficarão apenas os momentos de humor. Com eles também o exemplo de como, em Portugal, se decide hoje, no Governo, a aplicação de milhares de milhões de euros, por intuição, em cima do joelho, relevando tudo e mais alguma coisa menos o interesse público e as boas práticas de gestão que deveriam ser o único critério admissível.

Aplausos do CDS-PP.

Também para a memória fica a enorme dificuldade que o País justificadamente tem em poder confiar na palavra do Primeiro-Ministro.
Jurava pela Ota e meteu-a na gaveta, como jurava pelo referendo e não o fez, como garantiu que não aumentava impostos e aumentou, como assegurou que criava empregos mas o desemprego sobe.

Aplausos do CDS-PP.

E, já agora, para os registos futuros desta Assembleia, mais alguma coisa.
Mário Lino, em Maio de 2007, perante convidados, num almoço promovido pela Ordem dos Economistas, descontraído e seguro, invocando como garantia da sua idoneidade a qualidade de Engenheiro Civil inscrito na Ordem, assegurava: «O que eu acho que é faraónico é construir um aeroporto na margem sul, onde não há gente, não há escolas, não há hospitais, não há indústria, não há comércio, não há hotéis. Na margem sul jamais, jamais, jamais».
Construir um aeroporto na margem sul seria «uma espécie de Brasília no norte do Alentejo», dizia.
Mas Mário Lino, mais recentemente, em Dezembro de 2007, em resposta, no Parlamento, a uma pergunta do Sr. Deputado Abel Baptista, já dizia outra coisa: «O Sr. Deputado já sabe qual é a verdade, mas gosta disto. Sabe perfeitamente que eu nunca disse que na margem sul jamais, sabe que eu não disse.».

Risos do CDS-PP.

É para rir, é bem verdade, só pode ser! Mas façamos aqui, ao menos, uma justiça ao Ministro Mário Lino.

A Sr.ª Sónia Sanfona (PS): — Ao menos uma!

O Sr. Nuno Teixeira de Melo (CDS-PP): — Dele, o País já guardará para a História, no futuro, pouco mais do que o insólito. Mas em boa verdade, para quem se lembre, o Ministro agiu quase sempre na base do mimetismo mais seguidista que caracteriza, quase sempre, os estadistas menos relevantes. Porque, durante todo este tempo, quem marcou o tom foi o Primeiro-Ministro, o Ministro das Obras Públicas, copiando-o, apenas deu a cara e sujeitou-se depois de todas as contradições àquilo que está à vista.
Demonstro-o e bastam para isso dois exemplos, até porque o tempo não permite mais.
O Primeiro-Ministro José Sócrates, na apresentação do novo aeroporto «Lisboa 2017: Um aeroporto com futuro» – a quem tiver dúvidas, aconselho a leitura integral no Portal do Governo, pois está tudo lá – dizia: «A melhor localização para o novo aeroporto de Lisboa é a Ota. Julgo que isso resulta absolutamente evidente de todos os estudos que foram feitos e as razões de preferência da Ota têm a ver com razões económicas e com razões ambientais. (…) De todas as localizações, a melhor, aquela que melhor serve os interesses do País, é a Ota. (…) Nós fizemos o nosso trabalho de casa, justificamos as razões que nos levam a esta decisão».
Dizia ainda o Primeiro-Ministro: «Quero agradecer, em nome do Governo, ao Professor Fernando Santana,