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26 | I Série - Número: 054 | 1 de Março de 2008

Para formular perguntas, tem a palavra o Sr. Deputado Jerónimo de Sousa.

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Sr. Presidente, voltemos ao assunto que nos trouxe aqui hoje.
Sr. Primeiro-Ministro, diz-se que podem enganar-se as pessoas por pouco tempo, que podem enganar-se as pessoas por muito tempo, mas que não podem enganar-se as pessoas pelo tempo todo! Na celebração dos três anos de Governo do PS, descontado o auto-elogio (que não lhe fica bem), foi apresentado um País no bom caminho, um País que vai bem, um País das maravilhas, tendo o Sr. PrimeiroMinistro apontado o dedo a quem não cala as injustiças, a quem considera que Portugal é hoje um país marcado pelas desigualdades, um país menos seguro, mais injusto, menos democrático.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Ao apontar o dedo aos «profetas», o Sr. Ministro teve azar. É que dois dias depois três «profetas» analíticos insuspeitos — o Banco de Portugal, a Comissão Europeia e o INE — vieram demonstrar que esse país que está na cabeça de V. Ex.ª não existe.
Nesse sentido, quando os relatórios provam que há mais pobreza infantil, como é o caso do relatório de 2004 da Comissão Europeia, e mais desemprego, como é o caso INE, apesar da manipulação estatística que a bancada do PS tentou fazer, a verdade é que a taxa real, repito, real, do desemprego atingiu os 10,5% em 2007. São dados do INE, do insuspeito INE! Por outro lado, Sr. Primeiro-Ministro, chamo a atenção para a situação em que se encontra o País no plano económico. Esses relatórios comparativos do Banco de Portugal demonstram que, no início deste ano, há menos exportações, menos consumo interno e começa a haver dificuldades e arrefecimento da própria economia. Não sou eu que digo! Posso demonstrar-lhe por aquilo que foi escrito e dito.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Pode demonstrar o quê? Não sabe do que está a falar!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — A questão de fundo que queria colocar é esta: que País real temos? Aquele que o Sr. Primeiro-Ministro descreve ou aquele que nós acentuamos, particularmente, no plano das injustiças e das desigualdades? E eu não referi um elemento brutal que demonstra que o Sr. Primeiro-Ministro não tem razão: a análise comparativa dos lucros obscenos, escandalosos, do sector financeiro, dos grupos económicos, que contradizem a sua tese dos sacrifícios para todos.

O Sr. Bruno Dias (PCP): — Exactamente!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Isto demonstra que, afinal, este país está mais desigual devido a uma política injusta realizada pelo seu Governo. Diga lá, Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, resultados de três anos do Governo em política macroeconómica: um crescimento da economia de 2% no último trimestre, o maior crescimento dos últimos seis anos. Resultados de três anos do Governo nas finanças públicas: finalmente, um défice abaixo dos 3%. Resultados de três anos do Governo no emprego: mais 94 000 empregos do que em Março de 2005. Estes, sim, é que são os resultados dos três anos de governação!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — E o desemprego, Sr. Primeiro-Ministro?!

O Sr. Primeiro-Ministro: — Repito: 94 000 empregos, 2% de crescimento económico, défice abaixo dos 3%. Temos hoje um País mais preparado, uma economia mais sólida, mais robusta, para enfrentar o ano de 2008 e os próximos e para crescer.