27 | I Série - Número: 054 | 1 de Março de 2008
Tudo isto foi feito nestes três anos, a bem da confiança dos agentes económicos, mas também a bem da confiança dos agentes internacionais. Sim. Aqueles que avaliam a nossa economia, aqueles que emprestam o dinheiro, que financiam a nossa dívida. Esses têm confiança em nós, têm mais confiança em nós. E isso é o melhor para o futuro dos portugueses, porque, com um défice expectável de 6,83% em Março de 2005, os analistas financeiros internacionais que financiam a nossa dívida olhavam para ela com elevado risco, e, naturalmente, isso, a manter-se, levaria à elevação dos juros, o que conduziria a uma crise económica e à penalização das famílias portuguesas. Foi isso que evitámos.
E, em termos de economia e emprego, os resultados são estes: a nossa economia está a criar emprego.
São 94 000 os empregos criados em três anos, um défice abaixo dos 3% e um crescimento de 2%.
Quanto à pobreza, Sr. Deputado, os dados que conhecemos e que o senhor, que tanto andou a falar em pobreza e em desigualdades, evita são os do relatório que o INE publicou e que o senhor finge que não leu. O que é que diz esse relatório? Diz apenas isto: em 2004, 2005 e 2006, a pobreza diminuiu em Portugal.
Diminuiu de 20% para 19% e de 19% para 18%. O que tem o Sr. Deputado a dizer a isto? Diminuiu! E vai diminuir mais! Vamo-nos aproximar daquilo que é a média europeia, que, calculo, ande à volta de 16%. Os Srs. Deputados abanam com a cabeça. Eu sei que não gostaram destes números, porque eles não confirmam a vossa tese.
Protestos do PCP.
A Sr.ª Helena Pinto (BE): — Não é verdade!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas, sabe, há aqui um princípio: nós não podemos ter uma ideologia e querer que a realidade se conforme com ela. Há uma certa esquerda, da qual o PCP e o BE fazem parte, que se limita, como eu já disse aqui, a repetir, em latim, alguns dogmas, para que os outros abanem com a cabeça, mas, de vez em quando, a realidade vem mostrar-vos que é tudo muito diferente.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Vá falar aos portugueses pobres!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas, relativamente às desigualdades, Sr. Deputado, o relatório do INE também trouxe uma novidade: o índice de comparação entre os 20% mais ricos e os 20% mais pobres, no ano de 2006, também diminuiu.
Risos do Deputado do PCP Jerónimo de Sousa.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Diminuiu, pela primeira vez, uma décima.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Uma décima!?
O Sr. Primeiro-Ministro: — É verdade! Pouco, mas diminuiu! E nos anos anteriores não tinha diminuído! Agora, isto contradiz o vosso discurso de que as desigualdades estão a crescer, de que a pobreza está a crescer…
O Sr. João Oliveira (PCP): — É a União Europeia que o diz!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Isso são apenas slogans, não tem a ver com a realidade.
Dizem que isto são apenas números. Não, Sr. Deputado! Isto são pessoas! Porque, quando a taxa de pobreza passa de 20% para 18%, são 200 000 portugueses, de carne e osso, que passaram a viver melhor!
Aplausos do PS.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Resta saber onde é que eles estão!