8 | I Série - Número: 059 | 14 de Março de 2008
Portugal registou não só uma subida de desemprego em 2007, em contra-ciclo com a generalidade dos Estados-Membros, como passou a ter uma taxa de desemprego superior à média comunitária, o que sucedeu pela primeira vez.
Muitas pessoas das classes médias, atingidas pelo desemprego e cada vez mais asfixiadas pelas dívidas, vão caindo em situações de pobreza, pobreza que está a crescer ao ponto de a Comissão Europeia criticar o Governo português e considerar muito preocupantes as situações de pobreza no nosso País.
Esta é a dura realidade do desemprego, com a taxa mais elevada dos últimos 22 anos, que angustia centenas de milhares de famílias.
Ou seja, Sr. Presidente, o desemprego, a precariedade nas relações laborais, o endividamento das famílias e das empresas, a subida das taxas de juro, o brutal aumento de todos os impostos, o descontrolo da inflação e a perda de poder de compra dos salários colocam os níveis de confiança dos portugueses no nível mais baixo desde 2003.
Estes são os resultados de três anos de Governo socialista, bem reveladores da estagnação económicosocial do País, com reflexos também ao nível da insegurança e da criminalidade. Situação que não invocamos aqui como arma de arremesso político; antes queremos concluir que são muitos os problemas e que, perante eles, não podemos «meter a cabeça na areia».
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Arménio Santos (PSD): — É no reconhecimento do que está mal que se pode alicerçar um caminho novo, onde haja condições para relançar a economia e vencer a crise social crescente.
É preciso que os portugueses, em vez do desemprego e da exclusão, tenham direito ao trabalho, à promoção da sua competência profissional, a um salário compatível com as suas aptidões e ao apoio social na doença à medida daquilo por que lutaram.
É preciso uma política económica ambiciosa, capaz de criar riqueza, de gerar emprego de qualidade e de aproximar Portugal dos países mais avançados da União Europeia.
É preciso que a riqueza não se concentre cada vez mais numa minoria e que a pobreza não alastre a um número cada vez maior de portugueses.
É preciso combater as gritantes desigualdades sociais com políticas concretas e não com meros discursos de retórica.
É preciso, Sr. Presidente e Srs. Deputados, devolver a confiança e a esperança aos portugueses.
E é por isso, por tudo isso, que o PSD não se conforma com o actual estado de coisas. É por isso que trabalhamos e lutamos, porque acreditamos que os portugueses têm capacidades para vencer as dificuldades do presente e merecem um futuro melhor.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Mota Soares.
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Arménio Santos, queria antes de mais felicitá-lo pelos temas que escolheu trazer a Plenário, acima de tudo o da profunda crise social que hoje atravessa o País.
Gostava de perguntar-lhe (eventualmente, não foi um aspecto tão focado pelo Sr. Deputado) como é que comenta a política do Partido Socialista e da actual maioria relativamente àqueles que dentro a sociedade portuguesa muitas vezes são os mais pobres dos pobres. Refiro-me aos pensionistas da pensão mínima, que não têm outras fontes de rendimento, que têm muitas vezes gastos com a sua saúde superiores ao que recebem de pensão de reforma e que foram eleitos pelo Partido Socialista como aqueles a quem sistematicamente mais direitos sociais foram retirados.
O Sr. Diogo Feio (CDS-PP): — Bem lembrado!