61 | I Série - Número: 063 | 27 de Março de 2008
A Sr.ª Ana Catarina Mendonça (PS): — Di-lo-á sempre que for necessário, em nome do respeito pelo princípio do direito internacional.
A segunda nota é que o Partido Socialista tentou chegar a acordo e encontrou outra redacção, que é, de resto, a última — que me faça justiça o Bloco de Esquerda, e posso invocar o nome do Sr. Deputado com quem falei —, tendo pedido que este voto tivesse uma palavra de saudação pelo esforço e pelo trabalho desempenhado pelas forças de segurança no terreno. Não quero aqui reproduzir o que me foi dito a esse propósito, porque não quero usar os métodos do Bloco de Esquerda.
Aplausos do PS.
Protestos do BE.
A terceira nota, Sr. Presidente e Srs. Deputados, é que o assunto é demasiado delicado e o PS concorda genericamente com o voto apresentado, mas abstém-se por considerar que ele ficaria mais completo se se dissesse uma palavra sobre os nossos compatriotas que estão lá fora.
Em último lugar, Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, a defesa dos direitos humanos será para nós uma matriz essencial na nossa luta política.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Francisco Louçã. Tem, para o efeito, 16 segundos.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Sr. Presidente, Srs. Deputados: Eu não pensava que a direcção da bancada do Partido Socialista pudesse chegar tão baixo.
Vozes do PS: — Oh!…
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Dois minutos antes de começar a votação, dois minutos antes, repito – foi comigo que a Sr.ª Deputada Ana Catarina Mendonça falou.
Escusa, portanto, de se refugiar no facto de não dizer o nome, porque cá estou eu –, o que a Sr.ª Deputada propôs a esta bancada foi que um texto que estava acordado não poderia ser votado pelo PS a não ser que evocasse os cinco militares portugueses que estão a dar treino às forças policiais no Iraque.
Já passaram cinco anos depois da Cimeira das Lajes, em que os presidentes de dois dos países mais poderosos do mundo — os Estados Unidos e a Inglaterra —, com a Espanha e tendo como anfitrião um governo português, se juntaram, a quatro, para, em nome de uma mentira, imporem uma guerra desumana. O Estado português ficou comprometido com esta mentira. Mesmo os defensores da mentira vieram hoje dizer, neste Parlamento, que aceitavam que foi uma argumentação falsa.
O pior crime político que um político pode fazer no exercício do seu cargo é mentir ao seu povo. O governo português mentiu ao nosso povo.
Vozes do PSD: — Isso é que é mentir!
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Por isso, Sr. Presidente, é em nome da dignidade do Estado que este Parlamento deve lavar a honra contra aquela mentira. O Estado não aceita a mentira.
O voto é sobre a Cimeira das Lajes e nada mais, portanto, são lamentáveis as desculpas do Partido Socialista.
Mas há uma coisa que, na política, todos temos de conhecer, chama-se responsabilidade.
Aplausos do BE.