7 | I Série - Número: 066 | 3 de Abril de 2008
monumentos e é incompreensível o silêncio das bancadas à esquerda quanto a este impacto visual na paisagem. Até agora, ninguém negou que o impacto seja o que descrevo.
O elevadíssimo impacto visual desta ponte que, de forma grave e irreversível, irá descaracterizar a cidade e esta região é menorizado e continuamos a estar perante uma obra do Governo que acaba por não ser discutida.
A este propósito, recordo que, no passado recente, tivemos aqui longos debates sobre o chamado «túnel do Marquês». O Partido Socialista e o Bloco de Esquerda fizeram uma guerra contra a construção do túnel, disseram que seria terrível o impacto do tráfego, que o ambiente seria prejudicado, que afectaria zonas húmidas, que o túnel seria uma catástrofe. Na verdade, aquele túnel tanto fazia sentido que funciona e está bem.
Aplausos do CDS-PP.
Agora, o que verificamos é o silêncio comprometido do Bloco de Esquerda, que vive em «união de facto» com o Partido Socialista na Câmara de Lisboa,…
Protestos do PS.
Risos do BE.
… tentando menorizar o que é um acto grave contra a paisagem. Agora, «o silêncio é de ouro». Afinal, os grandes defensores das causas públicas, do ambiente, dizem que o melhor é ter «calminha», que é preciso calma, que não nos enervemos.
A verdade é que, até agora, ninguém negou que a nova ponte venha a ter o impacto que foi denunciado na comunicação social.
Aplausos do CDS-PP.
Portanto, o que se vê é que a atracção pelo poder acaba por calar quem dantes não se calava e era a voz incómoda.
Por isso mesmo, perguntamos também ao Partido Socialista se, afinal, há obras que trazem trânsito radial para Lisboa e são boas e obras que são más — as obras do PS, afinal, são boas, as do PSD e do CDS, afinal, são más!
Aplausos do CDS-PP.
A verdade, Sr. Deputado Miguel Coelho, é que esta obra traz trânsito para a cidade, é uma obra com carácter radial, o que, evidentemente, é matéria que deve ser objecto de um debate sério e alargado. É que continuamos a ter um Governo que anuncia obras, quer fazer obras, mas, depois, verificamos que essas obras mais não são do que formas de provocar conflitos e de encontrar apoio com promessas demagógicas.
Temos de proteger a paisagem, um bem que pertence a todos. Mas verificamos que o Governo do República continua sem proceder à classificação de paisagens, apesar de, em 2005, na Convenção Europeia da Paisagem, ter assumido o compromisso de o fazer. Estranhamos que a paisagem de Lisboa não esteja classificada. Deveria ter-se avançado nesse sentido.
O Sr. Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Pela nossa parte, temos pena é que haja um silêncio comprometido sobre esta matéria e que não se proceda a uma discussão séria sobre os impactos que esta obra irá ter.
Aplausos do CDS-PP.