9 | I Série - Número: 066 | 3 de Abril de 2008
qualidade de vida e para o ambiente, mas, depois, faz-se uma ponte que já não é só ferroviária mas também rodoviária, trazendo automóveis para o centro da cidade de Lisboa.
Mais grave ainda é o que, até agora, estava oculto dos olhos de todos: o impacto que esta obra vai ter do ponto de vista visual e da paisagem.
Vozes do CDS-PP: — Muito bem!
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — Estamos a falar de uma obra que vai descaracterizar a cidade de Lisboa, a vista da cidade de Lisboa.
Portanto, para além de todas as questões que têm a ver com a gestão de tráfego, com os transportes colectivos, com o próprio TGV e com o ambiente em geral,…
O Sr. Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. António Carlos Monteiro (CDS-PP): — … é necessário termos também aqui um debate sério sobre essa matéria, com critérios transparentes, que, até ao momento, não houve. Pelo contrário, assistimos, mais uma vez, à tentativa de impor uma solução de facto consumado.
Aplausos do CDS-PP.
O Sr. Presidente: — Para pedir esclarecimentos, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Deputado António Carlos Monteiro, estamos, nesta matéria da terceira travessia do Tejo, perante um projecto de carácter estratégico, estruturante, quer para o País quer, sobretudo, para a Área Metropolitana de Lisboa. De facto, estamos perante questões determinantes não só ao nível das ligações internacionais ferroviárias de alta velocidade, segundo foi anunciado pelo Governo, mas também a nível metropolitano, da ferrovia convencional, na ligação ao sul do País, etc., e também na ligação rodoviária que é necessário reforçar e qualificar nesta área metropolitana, como a experiência demonstra.
E estamos perante uma infra-estrutura decisiva para o sistema de transportes, acessibilidades e mobilidade, que serve para as populações se deslocarem diariamente, e não apenas perante uma ponte que possa ser pensada como uma forma de chegar mais depressa ao aeroporto. Esta é uma questão relativamente à qual têm sido cometidos erros crassos de avaliação por parte de muitos intervenientes nestes debates.
Ora, com a intervenção proferida pelo Sr. Deputado, confirmámos que, na opinião do CDS, Portugal é Lisboa e o resto é paisagem e que a melhor ponte é a que não se vê de Lisboa. Aliás, uma paisagem na qual acaba por desaparecer misteriosamente a questão de fundo do carácter público que este projecto, esta infraestrutura tem de assumir, de forma inadiável e muito clara.
Vozes do PCP: — Muito bem!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Temos um projecto em que, se olharmos para a experiência do que se passou com a travessia ferroviária da Ponte 25 de Abril, a própria CP foi impedida de concorrer. Temos um projecto em que, se olharmos para a travessia rodoviária da Ponte Vasco da Gama, o Estado já pagou várias vezes a quantia que seria necessária para construir aquela ponte. E estamos perante um projecto em que, pelos vistos, para o CDS, para a direita e para outros agentes do debate em Portugal, se pretende esconder da vista a Lusoponte.
O Sr. Presidente: — Queira concluir, Sr. Deputado.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Mas esta é uma questão de fundo — e com isto termino, Sr. Presidente —, porque o Estado português tem de recorrer a todos os instrumentos, jurídicos e negociais, que estiverem ao seu alcance para garantir, por um lado, o carácter público desta infra-estrutura e da sua construção e