39 | I Série - Número: 030 | 8 de Janeiro de 2009
Os muros, a estratégia dos colonatos, as ofensivas militares, são todas elas direccionadas para essa ocupação ilegal, que viola claramente as resoluções das Nações Unidas.
Portanto, esta ofensiva criminosa, militar, por parte de Israel, que conta com o aval dos Estados Unidos da América e o silêncio cúmplice de muitos outros países, conta com a forte condenação, a convicta condenação, do Partido Comunista Português.
A pergunta que lhe deixo é a seguinte: considera que se estão a construir as bases minimamente sólidas para iniciar um processo de paz com vista à resolução deste conflito? Esta ofensiva militar de Israel é inocente ao não criar as mínimas condições para que se resolva o conflito, do ponto de vista militar? Está ou não Israel, com esta ofensiva, a perpetuar os movimentos fundamentalistas islâmicos? Está ou não a perpetuar o sentimento de conflito e de guerra naquela região do mundo? É com conflito, é com esta perspectiva militar, que Israel resolve alguma vez o seu problema? A nossa convicção é a de que não resolve. O primeiro passo que tem de ser dado para resolver este problema é o reconhecimento do Estado da Palestina como um Estado livre, autónomo e independente, que seja viável e possa propiciar condições de vida dignas à sua população. Só assim é que estaremos a dar os primeiros passos para a paz naquela região e para, de uma vez por todas, resolver este problema.
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Fernando Rosas.
O Sr. Fernando Rosas (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jorge Machado, agradeço as observações que fez acerca da minha intervenção.
Gostaria de dizer o seguinte: penso que é altura, tanto em Israel como na Palestina, de as forças sociais e políticas que querem uma solução pacífica e democrática para a região se unirem para pôr de lado e derrotar os «falcões», os fautores da guerra e os fautores da agressão.
O que é facto é que esse tem sido o comportamento permanente dos governos no Estado de Israel.
Repare: hoje fazem loas a Al Fatah, mas o Estado de Israel é que cercou o Arafat na Palestina! Foram eles que o cercaram, que o anularam, que correram com ele e que o silenciaram, porque não era legítimo! O Hamas ganhou as eleições, mas o Hamas também não é legítimo! Quem é que escolhe? É o Estado de Israel que vai escolher quem são os governantes da Palestina? Que situação política particular é essa que existe naquela região em que há um Estado que se arroga o direito de decidir quem é que faz e como é que faz política relativamente aos seus vizinhos? É que o Estado de Israel não quer um Estado palestiniano soberano, independente e com igualdade de direitos. Não está disposto a aceitá-lo, pelo menos, até agora! Há forças em Israel que estão. Força a essas forças! Eu apoio essas forças! Quero que essas forças avancem no Estado de Israel, pois elas são aliadas do processo de paz. Mas, neste momento, o que se está a fazer é uma guerra genocida, um massacre, nomeadamente para ganhar as eleições em Israel,»
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Claro!
O Sr. Fernando Rosas (BE): — »porque as sondagens, depois da guerra, estão a dar a vitória exactamente ao partido dos «falcões».
Portanto, existirão condições de paz quando houver uma determinação, uma vontade, um querer político dos dois lados da fronteira para que haja uma solução de mútuo respeito, equilibrada e com fundamentos na democracia política e na paz. E isso não está a acontecer.
O que Israel quer de Gaza é um Bandustão, onde possam cortar a água, cortar a luz, cortar o trabalho, cortar a dignidade e matar, quando lhes interessar. Podem despejar 10 000, 20 000, 30 000, 40 000 soldados que podem bombardear o que bombardearem. Das cinzas da destruição, a resistência palestiniana sairá sempre vitoriosa! Sempre!
Aplausos do BE.