O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

35 | I Série - Número: 030 | 8 de Janeiro de 2009

grandes grupos económicos e financeiros, demonstrando claramente quem é que anda a servir neste País e acentuando as desigualdades sociais.
O Governo, esse, batia o pé, dizia-se detentor da verdade absoluta, dizia que os números eram mais que correctos e realistas, isto quando todas as estruturas internacionais desmentiam em baixa as previsões de crescimento económico do Governo e em alta as previsões de desemprego do Governo.
Nós, Os Verdes, como outros, de resto, fomos acusados pelo Primeiro-Ministro de termos um discurso pessimista, de sermos profetas da desgraça. Um mês e picos depois, o Primeiro-Ministro assume que o cenário é, afinal, diferente do que dizia e muito mau. Um cenário no qual, por mais que não o queira admitir, tem responsabilidades directas, porque, apesar de todas as previsões, promoveu políticas que intensificaram os efeitos da crise.
O Governador do Banco de Portugal, que bem tem contribuído para apoiar as políticas do Governo, diga-se em abono da verdade, vem agora informar que a economia nacional está em recessão técnica e que temos um cenário muito mau à porta, propondo alguns paliativos sociais, claramente insuficientes mas demonstrando, em boa verdade, que as medidas até agora apresentadas pelo Governo não estão a dar resultados nem para aumentar o poder de compra das famílias nem para auxiliar as empresas em dificuldades.
Pois é, Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados. Os profetas da desgraça, os pessimistas eram, afinal, os realistas, e o Governo, ávido de defender apenas os grandes interesses, tem agora de admitir que enganou o País e já se prepara para apresentar à Assembleia da República um Orçamento rectificativo, onde procurará emendar algumas das mentiras que sugeriu ao País. Vamos ver o que aí virá proposto.
Aqueles que, há um mês, se recusavam a falar em recessão, hoje, inevitavelmente, falam em recessão, e com culpas no cartório! Aqueles que nem queriam imaginar, há um mês, que o défice ultrapassasse os 2,2% para agradar a Bruxelas, coisa que nós achávamos que inevitavelmente tinha que acontecer para não afundar o País, já assumem que o défice pode ultrapassar os 3%, pois o investimento público tem de ser feito para garantir alavanca à economia, mas vem tarde para produzir efeitos em 2009, porque, em vez de agirem em tempo útil, estiveram à espera do ámen de Bruxelas, enquanto outros países europeus, como os nossos vizinhos espanhóis, já socorriam as suas economias anunciando que não respeitariam as metas impostas pela União Europeia.
Aqueles que prometeram a criação de 150 000 postos de trabalho e que, há um mês, insistiam que o compromisso seria realizado são aqueles que, afinal, contribuem para que para o ano, segundo o relatório do Banco de Portugal, se possa ver o emprego reduzido em, pelo menos, 1%, o que significa a redução de mais de 50 000 postos de trabalho, só em 2009, decorrente de um crescimento negativo de 0,8%.
Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: A prioridade neste País tem que ser a criação de emprego. Mais do que nunca, a criação de emprego! Um país repleto de desempregados é um país afundado, é um país em depressão! O dinheiro público tem que ter como prioridade a criação de postos de trabalho e a manutenção dos existentes, mas a receita do PS é errada para cumprir este objectivo.
O investimento público que promova qualificação e emprego é mais do que necessário, muito mais necessário do que qualquer meta do défice. Mas, para além disso, não há volta a dar: o aumento substancial do poder de compra das famílias é determinante para redinamizar a economia.
Não podemos ficar à espera que os outros países se endireitem para nos pedirem exportações! A dinamização interna da nossa economia é uma peça determinante para sustentar também as empresas, para que elas possam escoar serviços e produtos.

O Sr. Francisco Madeira Lopes (Os Verdes): — Muito bem!

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Por isso, aumentos salariais adequados, aumentos de pensões adequados e apoio directo e com efeitos visíveis às micro, pequenas e médias empresas, que sustentam a grande maioria do emprego em Portugal, são urgentíssimos.
Chega, Srs. Deputados, de pensar na banca, na banca e na banca e nos ricos, nos ricos e nos ricos.
Pense-se nas pessoas de uma vez por todas!