35 | I Série - Número: 066 | 9 de Abril de 2009
O Sr. Francisco Madeira Lopes (Os Verdes): — Sr. Presidente, Srs. Membros do Governo, Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro, está visto que, com V. Ex.ª, Portugal é só para as ocasiões. De facto, V. Ex.ª apresenta-se hoje muito nacionalista na defesa do futuro Presidente da Comissão Europeia ao escolher, acima de tudo, um português, mas foi muito pouco nacionalista quando negou o direito de os portugueses poderem votar, em referendo, a adesão ao novo Tratado Constitucional europeu, que V. Ex.ª recusou — aliás, todos nós, no Parlamento, aprovámos uma alteração à Constituição para permitir o referendo de tratados europeus.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É verdade!
O Sr. Francisco Madeira Lopes (Os Verdes): — O problema, Sr. Primeiro-Ministro, não é o de haver uma divergência entre a direcção do Partido Socialista e o cabeça-de-lista do Partido Socialista ao Parlamento Europeu, mas, sim, as razões que estão por trás desse desentendimento. É que vários socialistas, incluindo o Dr. Mário Soares, dizem não ao Dr. Durão Barroso, porque ele é o rosto do neoliberalismo. É por esta razão e não por uma qualquer opinião de gosto pessoal! Há uma razão política. E eu gostava de saber qual é a razão política para o Partido Socialista defender Durão Barroso.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Muito bem!
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Srs. Deputados, Sr. Deputado Francisco Madeira Lopes, lamento muito que haja Deputados que não compreendam a posição do Governo português, tal como lamento muito que haja Deputados que, embora não partilhando desse ponto de vista, não compreendam a posição oficial do Partido Socialista»
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Não compreendem porque há contradição!
O Sr. Primeiro-Ministro: — » e que não compreendam tambçm que pessoas independentes que o Partido Socialista convidou para encabeçar a sua lista, e com muito orgulho para todos nós, tenham uma posição diversa.
O Sr. Paulo Rangel (PSD): — Ora, ora!»
O Sr. Primeiro-Ministro: — Posição, essa, que aproveito para esclarecer: o Professor Vital Moreira disse que votaria no Dr. Durão Barroso se o Partido Popular Europeu ganhasse as eleições»
O Sr. Jorge Strecht (PS): — Exactamente!
O Sr. Primeiro-Ministro: — » e que, se o Partido Socialista Europeu ganhasse as eleições, o Dr. Durão Barroso não se deveria candidatar.
Essa posição é diversa da minha: eu votarei no Dr. Durão Barroso e o Partido Socialista apoiará o Dr.
Durão Barroso, porque entende ser essa a melhor forma de defender o interesse nacional.
O Sr. Luís Campos Ferreira (PSD): — É patriótico!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Nós temos o maior orgulho em ter pessoas connosco que pensam de forma diferente, mas de forma diferente sempre na lógica de quem quer defender o interesse nacional.
Eu não consigo compreender como é tão difícil alguém olhar para o Governo e não compreender que estamos numa posição patriótica, recusando qualquer sectarismo na escolha para Presidente da Comissão Europeia.
Aplausos do PS.