32 | I Série - Número: 082 | 21 de Maio de 2009
O Sr. Victor Baptista (PS): — Sr. Deputado, veja o rigor que colocou no projecto de lei que apresentou, em que vós próprios substituíram todo o artigo 63.º-B e agora acrescentam um n.º 11.
Aplausos do PS.
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Francisco Louçã.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Victor Baptista, nós temos azar consigo»
O Sr. Victor Baptista (PS): — Está embaraçado!
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Muito, muito embaraçado! Temos muito azar consigo porque o senhor votou contra os projectos de lei porque discordava deles, e agora diz que vota contra porque concorda com eles.
O Sr. Hugo Velosa (PSD): — Exactamente!
O Sr. Victor Baptista (PS): — Não disse nada disso!
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Os projectos de lei são os mesmos. Um dia, o senhor discorda e, outro dia, concorda, mas vota sempre contra! Agora, não foi o senhor (lamento dizer-lhe, com franqueza), foi uma voz autorizada do seu grupo parlamentar, uma pessoa prudente, sensata, que trouxe propostas de compromisso político e falou em nome do partido, que explicou porque é que era importante, por exemplo, que houvesse não só a obrigação da declaração dos rendimentos dos administradores, matéria que, depois desta lei ter sido votada na primeira vez, veio a ser consagrada numa outra, mas também que houvesse limites aos dividendos, limites aos salários.
Os portugueses que nos estão a ouvir (e até o Sr. Deputado Victor Baptista, com boa vontade) vão perceber que há motivo para indignação se, numa situação em que uma empresa é afundada pela administração, o Estado «dá-lhe a mão», dá-lhe dinheiro, e a primeira coisa que essa administração faz, depois de receber dinheiro do Estado, porque afundou a empresa, é pagar a si própria bons prémios. É isto possível?!
O Sr. José Junqueiro (PS): — Não é possível!
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Ora, foi isto precisamente que o Partido Socialista — era outro Partido Socialista, eu sei, era o Deputado José Vera Jardim! — veio aqui dizer: «Nós não aceitamos isto».Ora, nós também não. É isso que está neste projecto de lei.
Mas é por causa disso que, agora, o Governo não quer que isto seja aprovado, porque o Governo não quer aceitar ter de dizer o que a democracia tem de dizer: «Há transparência no mercado, há obrigatoriedade de prestação de contas, há responsabilidade». E esta obrigação é constitutiva de uma resposta fundamental, que foi isso que levou a uma votação.
Sei que o Sr. Deputado votou contra, mas também sei que, às vezes, nas auto-estradas, há carros que circulam ao contrário e, depois, dizem: «Olha, todos os outros estão enganados». É o caso do Deputado Victor Baptista.
O Sr. Presidente: — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.
O Sr. Francisco Louçã (BE): — E acha até que os outros podem todos ir para a sucata, que ninguém tem ideias! O Sr. Deputado Victor Baptista sabe e agora vem aqui explicar que sempre teve razão contra o seu grupo parlamentar.