27 | I Série - Número: 082 | 21 de Maio de 2009
O Sr. Ministro, depois de duas manifestações gigantescas (repito, gigantescas), como nunca tidas na história da democracia portuguesa, por parte dos professores, contra o seu Ministério da Educação e o seu modelo de avaliação e depois da chantagem feita, por parte do Governo em relação aos professores, com as ameaças de não progressão na carreira, com as ameaças de processos disciplinares, não pode dizer que os professores colaboraram activamente, com um sorriso nos lábios, com essa fabricação de uma farsa, que é o modelo de avaliação! Não pode!
O Sr. Francisco Louçã (BE): — Muito bem!
O Sr. Ministro dos Assuntos Parlamentares: — Não posso?! Estou proibido?!
A Sr.ª Ana Drago (BE): — Não pode! Tem de ter algum cuidado! Não se pode dizer tudo com esse ar e esse dislate! Mas o que também percebemos, neste debate, é que o Partido Socialista não foi à escola pública em quatro anos. Portanto, não aprendeu nada com o que se tem lá passado.
Protestos do PS.
Não aprendeu nada! Estamos a viver uma das maiores crises de confiança na escola pública, na sociedade portuguesa, porque aos problemas que a escola pública já tinha os senhores somaram novos problemas.
Temos uma classe profissional zangada, que se sente humilhada, desmotivada e maltratada por aqueles que a tutelam ao nível da responsabilidade política. Temos alunos que se sentem desmotivados e que não confiam na sua escola. Temos pais que não confiam na escola.
A tudo isto, os senhores só respondem com autoritarismo e pintando esse mundo de cor-de-rosa, que foi o que fez aqui hoje a Sr.ª Deputada Paula Barros.
Vozes do BE: — Muito bem!
A Sr.ª Ana Drago (BE): — É lamentável que, depois de todos os debates, de todas as críticas, de todos os processos críticos que aconteceram no sector da educação, os senhores não tenham aprendido nada!
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado João Oliveira.
O Sr. João Oliveira (PCP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados: Num ponto PS e PSD têm inteira razão: para a escola pública, tão maus têm sido os governos de uns como os dos outros. Portanto, nesse despique para ver quem são os piores, estamos de acordo que têm sido os dois muito maus para a escola pública.
O Sr. Jorge Machado (PCP): — Muito bem!
O Sr. João Oliveira (PCP): — O debate de hoje é um debate de actualidade sobre educação, mas quem ouvisse as intervenções das bancadas do PS e do Governo podia pensar que estávamos a falar de uma realidade virtual, de uma escola pública que não existe, porque um debate de actualidade implica que olhemos para a escola que temos hoje, que percebamos os problemas que têm hoje as nossas escolas, designadamente o problema do desemprego dos professores, de todos aqueles professores que, este ano, vão ficar no desemprego, o problema das crianças e dos jovens que não têm acesso aos apoios de acção social escolar, quando os deviam ter, apesar da propaganda e do foguetório do Partido Socialista.
Portanto, um debate de actualidade sobre educação implicava que fizéssemos uma análise séria sobre a situação em que se encontra hoje a nossa escola pública.