14 DE MAIO DE 2009
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PROJECTO DE LEI N.º 755/X (4.ª)
ALTERA O MECANISMO DA REDUÇÃO DE ACTIVIDADE E SUSPENSÃO DO CONTRATO DE
TRABALHO – LAY OFF – REFORÇANDO OS DIREITOS DOS TRABALHADORES
Exposição de motivos
A actual situação de agravamento das condições de vida da população portuguesa, nomeadamente dos
trabalhadores, tem vindo a conhecer desenvolvimentos diários com o encerramento sucessivo de empresas,
com o recurso ilegal ao mecanismo de suspensão dos contratos de trabalho e redução da actividade ( lay off),
com a diminuição dos salários, com o recurso ilegal a despedimentos colectivos, com o aumento significativo
do desemprego e a redução das prestações sociais.
O Governo PS tem responsabilidades acrescidas na situação actual, por um lado, pela aprovação de um
Código do Trabalho que permite o agravamento da exploração dos trabalhadores e desequilibra, ainda mais,
as relações laborais, sempre em favor das entidades patronais, por outro lado pelo desinvestimento deliberado
na Autoridade para as Condições do Trabalho, debilitando o seu corpo de inspectores, tendo prometido o seu
reforço através de um concurso aberto em 2005 que apenas colocará novos inspectores em funções em 2011
que virão, entretanto, substituir aqueles que entretanto se reformarem ou saírem, mantendo a situação de
grande carência existente.
Assim, tem-se verificado por todo o país situações de violação dos direitos dos trabalhadores, perante a
inoperância da ACT e a total impunidade das entidades patronais.
O recurso ao lay off tem sido um dos exemplos mais emblemáticos da violação dos direitos dos
trabalhadores, pondo em causa a sua subsistência e a subsistência das suas famílias.
De facto, a aprovação do Código do Trabalho em 2003 veio facilitar o recurso a este mecanismo por parte
das entidades patronais que, sem qualquer intervenção ou responsabilização do Governo, passaram a poder
recorrer a este mecanismo, sem acordo dos trabalhadores e sem fiscalização prévia da situação económica da
empresa.
Assim, hoje, à “boleia” da crise, dezenas de entidades patronais por todo o país recorrem a este
mecanismo, reduzindo as remunerações dos trabalhadores ao mesmo tempo que lhes exigem horas
extraordinárias, que aumentam os ritmos e intensidade do trabalho, que aumentam a produção e os seus
lucros. Ao mesmo tempo que recorrem aos dinheiros públicos, nomeadamente da Segurança Social,
enriquecem ilicitamente à custa de quem trabalha.
Os trabalhadores ficam, desta forma, em muitos casos, a trabalhar sem receber, mantendo todas as
responsabilidades: pagamento da habitação, da água, da luz, da alimentação, impedidos, muitas vezes, de
garantir a sua própria subsistência.
Desde trabalhadores que vêm os seus horários reduzidos em 28 horas mensais, passando ilegalmente a
receber apenas 2/3 da sua retribuição, o que significa trabalhar 30 ou mais horas sem receber, a trabalhadoras
que, em períodos de redução de actividade ficam 8 meses sem receber os salários, como é o caso da Facol,
em Santa Maria da Feira a trabalhadores a quem são aumentados os ritmos e intensidade de trabalho, tudo é
permitido às entidades patronais.
Com o Governo PS, hoje é permitido às empresas que não estejam em situação económica difícil recorrer
ao mecanismo do lay off e a todas as entidades patronais que violem a lei, sem medo de serem sancionadas.
Aliás, o recurso ao lay off é mesmo impulsionado pelo Governo com o Programa Qualificação-Emprego que
permite que mesmo empresas com «rácios de solvabilidade e autonomia financeira adequados» e com
«viabilidade económica» recorram a dinheiros públicos, mesmo que tenham recorrido à redução ou suspensão
dos contratos de trabalho.
Aliás, as políticas do PS retomam a célebre frase de Périer, banqueiro industrial e Ministro do Interior
francês que, a 8 de Dezembro de 1831 afirmava «é preciso que os operários saibam bem que não há outro
remédio para eles senão a paciência e a resignação». E o PS tudo tem feito para retroceder nos direitos dos