34 | I Série - Número: 008 | 1 de Outubro de 2010
O Sr. Deputado só fala nisso para sublinhar o quão exigente é esta medida. Eu sei, Sr. Deputado! Isto vai causar a algumas famílias um esforço. Eu sei, Sr. Deputado! A questão é de alternativa! Naturalmente que, se eu a tivesse, tê-la-ia aplicado, Sr. Deputado!
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Ai, tem, tem!!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Tomara eu ter outras possibilidades, Sr. Deputado!
O Sr. Presidente: — Tem de concluir, Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mas a verdade é que julgo que a nossa economia e o prestígio e a credibilidade do Estado português seriam postos em causa se não tivéssemos a coragem de tomar estas medidas, que, no fundo, defendem o interesse nacional e o País.
Aplausos do PS.
O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Isso é resignação!
O Sr. Presidente: — Para formular as suas perguntas, tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro, aquilo que V. Ex.ª anunciou ontem ao País ultrapassou todos os limites da tolerância e do que pode ser aceitável. O Sr. Primeiro-Ministro sabe disso e por essa razão trouxe uma estratégia para este debate que foi a de, em vez de responder, perguntar. Essa foi a estratégia trazida para tentar falar o menos possível daquilo que é fundamental.
Mas eu gostava de lhe relembrar aqui um pouco da história do Sr. Primeiro-Ministro em relação às respostas que tem dado ao País. O Sr. Primeiro-Ministro já reparou quantos pacotes, designadamente, trazem à frente expressão «medidas adicionais»?! Quantos pacotes já apresentou ao País e quantas vezes já disse ao País: «Agora é que é desta! Este pacote é, agora, fundamental para resolver tudo e não vai ser preciso mais nada!»?!» Quantas vezes disse ao País que a solução estava no pacote apresentado, que é aquilo que está a dizer agora?! E quantas vezes esses pacotes não resolveram absolutamente nada?! Está à vista, não está, Sr. Primeiro-Ministro?! Sabe porque é que esses pacotes não resolvem absolutamente nada? Porque eles, em vez de resolverem e de solucionarem os problemas reais que o País tem, o que fazem é aprofundar os problemas do País. E o Sr. Primeiro-Ministro sabe disso, o Governo sabe disso e os Deputados que aqui estão na Assembleia da República sabem disso! Como é que se pode resolver o problema de fundo que o País tem quando o Primeiro-Ministro anuncia ao País mais desemprego, mais dificuldade nos orçamentos familiares, mais efeitos de recessão na economia?! Ó Sr. Primeiro-Ministro, isto é que é essencial para o País?! Então — para retomar uma pergunta que aqui, hoje, o Sr. Primeiro-Ministro já fez aos Deputados —, tudo fazer para estagnar a economia deste país é que é a solução que o Sr. Primeiro-Ministro traz?!
O Sr. Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, acho que há um equívoco em todas as bancadas,»
O Sr. Agostinho Lopes (PCP): — Sim»! Claro»!
O Sr. Primeiro-Ministro: — » que todas as bancadas insistem em evidenciar e que ç o seguinte: esta sessão é uma sessão de debate e, portanto, acredito que, no momento em que o País enfrenta dificuldades e em que se tem de tomar decisões sérias e corajosas, quem está sob interpelação não é apenas o Governo, estamos todos e, por isso, também a oposição.