40 | I Série - Número: 008 | 1 de Outubro de 2010
Encontro-me, aqui, sim, com a consciência absolutamente tranquila de quem sente que está a cumprir o seu dever e de quem não foge ao seu dever, nem ouvindo as politiquices que vêm da bancada do CDS,»
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — Politiquices?!»
O Sr. Primeiro-Ministro: — » em que um líder político diz ao outro «saia!«, esquecendo-se de que quem tira ou põe no governo é o povo português, não são os Deputados da oposição nesta Casa.
Aplausos do PS.
Compreendo aqueles que gostam apenas de gestos dramáticos — aliás, imitando outros, e lembro-me bem de Aznar com Gonzalez: «Váyase, Sr. Primeiro-Ministro!«»
O Sr. Pedro Mota Soares (CDS-PP): — O seu castelhano está muito melhor, Sr. Primeiro-Ministro! Isso quererá dizer alguma coisa?»
O Sr. Primeiro-Ministro: — Essa imitação histórica é muito comparável.
Mas sabe, Sr. Deputado, eu estou aqui, e nunca virei a cara à luta, e nunca me passou pela cabeça qualquer intenção de me ir embora. Nunca! Em nenhuma circunstância!
Vozes do PSD e do CDS-PP: — Ahhh!»
O Sr. Primeiro-Ministro: — Pelo contrário, estou aqui para cumprir o meu dever e estou aqui para afirmar, em nome do Governo, que este Governo honrará os compromissos internacionais, porque tem bem consciência de que isso é fundamental para defender o interesse de cada um de nós, para tomar as medidas duras e difíceis que são necessárias para reforçar a confiança no nosso país dos mercados internacionais, dos quais dependemos na nossa dívida soberana e para que o financiamento à nossa economia seja obtido, e para defender também as políticas sociais, porque há um pré-requisito nas políticas sociais do Estado e esse pré-requisito é ter contas públicas que ofereçam credibilidade internacional.
Estou aqui, portanto, com a consciência tranquila de quem está a cumprir o seu dever e empenhado em propor uma linha de rumo aos portugueses, uma linha de confiança, uma linha de responsabilidade e uma linha de esperança.
É isso que venho aqui fazer, e neste momento, mas também digo mais uma vez: do que o país precisa é de confiança e também de estabilidade! Quem olha para nós o que procura é sinais disso, e lamento dizer que a partir do Verão o maior partido da oposição fez tudo menos contribuir para essa confiança.
Eu não lamento, Sr. Deputado Francisco Assis, o tom e a agressividade pessoal que noto no discurso político do PSD. Infelizmente aguentei-me com ele durante cinco anos, nem o temo, mas isso é muito vulgar na nossa política. Eu vejo, muitas vezes, poucos argumentos, poucas ideias, poucas propostas e muitos insultos e muita agressividade pessoal.
Lamento isso, mas o dever de um político, neste momento, é ter a grandeza para falar daquilo que é essencial e como o Sr. Deputado disse a questão do Orçamento é uma questão crítica e absolutamente decisiva, pelo que, julgo, não se contribui para a confiança internacional, que o País precisa de ter, quando alguém começa um discurso político pós-Verão com a ameaça de crise, com a ameaça de instabilidade e com a ameaça de chumbar o Orçamento do Estado e, pior do que isso, com um partido que recusa, sequer, uma negociação prévia do Orçamento do Estado.
Bom, aqui chegados, eu gostaria de dizer o seguinte: a confiança não é reforçada com a incerteza, porque lá fora também sentem a incerteza, mas cada um assumirá as suas responsabilidades.
É isso que eu estou aqui a fazer: a assumir as minhas, a apresentar a minha proposta, a apresentar aquilo que, em consciência, penso ser melhor para o país e lamento que outros partidos se entreguem agora a tabus.
A incerteza, o não responder, o «vamos pensar, vamos ver«», essa incerteza não ajuda o País, mas cada um assumirá as suas responsabilidades.