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8 | I Série - Número: 015 | 16 de Outubro de 2010

Até se poderia admitir que dissesse: «Portugueses, compreendam, têm que fazer sacrifícios. Têm de ficar, hoje, pior para, depois, ficarem melhor». Pergunto: o Sr. Primeiro-Ministro é capaz de garantir isso na Assembleia da República? Ou, em vez de ficarmos melhor no futuro, vamos ficar pior?! É porque nós pensamos que sim! A economia tem leis, Sr. Primeiro-Ministro, e, se corta no investimento, se corta nos salários, se corta nos direitos, se corta nas reformas e nas pensões, diga como é que a economia se vai desenvolver!

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Não vamos ter, novamente, uma situação de estagnação, ou de recessão, tendo em conta precisamente que as medidas piores de hoje vão levar a que o País fique pior mais à frente? Garanta, Sr. Ministro, que hoje estas medidas são piores para depois ficarmos melhor! Ou é o contrário?! Diga-nos, Sr. Primeiro-Ministro!

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.

O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, o que posso garantir é que ficaríamos numa situação muito pior se não tomássemos estas medidas.

Protestos do PCP.

A meu ver, a questão, muito simples, que se coloca é a da escolha que temos que fazer entre a responsabilidade ou continuar por um caminho que suscitaria e agravaria a desconfiança dos mercados internacionais.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É a quinta vez que diz isso!

O Sr. Primeiro-Ministro: — O Sr. Deputado pode achar que isso não conta. Pois, Sr. Deputado, lamento dizer-lhe que isso conta, e conta muito. Porque a verdade é que não apenas o Estado mas também a sociedade portuguesa, no seu conjunto, são financiados internacionalmente.
Estou de acordo com o Sr. Deputado se atribuir, nos últimos meses, a uma situação de pura especulação e sem sustentação económica a avaliação que os mercados internacionais fazem quer da economia portuguesa quer de outras economias. É pura verdade.
Também estou de acordo de que não há nenhuma razão para que os mercados internacionais tenham passado subitamente a desconfiar das economias europeias»

O Sr. Jorge Machado (PCP): — Não têm razão, mas cede!

O Sr. Primeiro-Ministro: — O Sr. Deputado importa-se que eu acabe? Se não se importa, oiça-me com atenção.
O que quero dizer é que a situação de desconfiança dos mercados internacionais relativamente aos países europeus, em particular aos países da zona euro, não se justifica, mas a verdade é que esta situação existe e nós temos o dever de não fingir que ela não existe. Pelo contrário, no início do ano, toda a Europa, e também Portugal, planeava corrigir a sua situação orçamental em três anos e com uma correcção faseada e lenta, por forma a dar mais oportunidades à recuperação económica, que, aliás, está a acontecer no nosso País.

Risos do Deputado do PCP Bernardino Soares.

Todavia, a pressão externa e o condicionamento da grave crise internacional que se vive em todo o mundo e que está centrada na dívida soberana, por mais injustos que sejam, são a realidade. E são muito injustos já