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10 | I Série - Número: 015 | 16 de Outubro de 2010

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Este é o problema central que aqui está colocado.
Digo-o, porque, em relação às medidas que temos em cima da mesa — e eu não sou economista mas isso percebo — , se há menos investimento, se há mais desemprego, se não se confia em Portugal a produzir, no crescimento económico, no desenvolvimento, na defesa do nosso aparelho produtivo e da nossa produção nacional, bem pode o Sr. Primeiro-Ministro dizer o que quiser mas vai verificar-se um retrocesso. É porque menos receitas, mais dívida, mais desconfiança dos tais mercados.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exactamente!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Creio que isto é tão linear, tão simples que não precisamos ter nenhuma cátedra para verificar que assim vai acontecer!

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — E o drama maior, Sr. Primeiro-Ministro, é essa opção, porque há portugueses que hoje não sabem o que hão-de fazer à vida, há portugueses que hoje não têm saída! Não estamos só a falar dos desempregados, não estamos só a falar dos reformados e pensionistas com pensões e reformas baixas; estamos a falar de outras camadas da sociedade portuguesa que vão ser duramente atingidas, fazendo esta pergunta lógica: para quê? Para acalmar os mercados, disse o Sr. Primeiro-Ministro.
Ora, sabemos que se o directório das potências da União Europeia quisesse, num dia, acabava com a especulação e com os especuladores.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Nesse sentido, não basta dizer que tem dor de alma ou que tem apertos de coração, Sr. Primeiro-Ministro. Gostaríamos de saber o que faz o Governo português em Bruxelas para combater esta situação, para levar a que esse directório de potências a nível europeu resolva o problema acabando com a especulação. Mas é por opção que não o fazem.
E não é por acaso que os banqueiros hoje, aqui, em Portugal andam numa roda-viva a pressionar o PSD, a pressionar o Governo! Não conhecemos o conteúdo da proposta de Orçamento do Estado, mas já vimos que há, pelo menos, uma parte que quer este Orçamento: os banqueiros.

O Sr. Jorge Machado (PCP): — Exactamente!

O Sr. João Oliveira (PCP): — Os tais especuladores!

O Sr. Jerónimo de Sousa (PCP): — Mas os portugueses, ainda não conhecendo este Orçamento, já sabem o que aí vem, Sr. Primeiro-Ministro, e por isso vão responder-lhe. Ao contrário de V. Ex.ª, que se resigna, que baixa os braços e abdica de um posicionamento firme e patriótico, os portugueses não aceitam a tese da resignação, vão lutar contra isso.
Em última análise, Sr. Primeiro-Ministro, sabemos que quem manda aqui não são os executantes da política de direita, são os seus mandantes — por isso esta actividade dos banqueiros — , mas triste fim terão os seus executantes quando, em relação a valores fundamentais, a conceitos de justiça social, de progresso e de desenvolvimento, fazem a opção mais errada. Já tivemos isso na nossa história, mas esses executantes não ficarão na história, tendo em conta o mal que estão a fazer ao País, aos trabalhadores e ao povo português!

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra, para formular perguntas, o Sr. Deputado Francisco de Assis.