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9 | I Série - Número: 031 | 16 de Dezembro de 2010

O Sr. Agostinho Lopes (PCP): — Uma única direcção: reduzir o preço da força de trabalho! Srs. Deputados, não é por aqui que vamos lá! Pelo contrário, vamos agravar todos os problemas da sociedade portuguesa, hoje e no futuro! Aliás, a realidade dos factos e dos números desmente completamente tais teses! Ainda hoje, encontramos no Jornal de Negócios, dando notícia da Conferência Portugal Global, os seguintes título e subtítulo: «Justiça rápida, energia barata e formação: a receita para competir lá fora» e «Empresas exportadoras desdramatizam alterações à lei laboral como factor de competitividade», síntese das opiniões de algumas grandes empresas exportadoras portuguesas.
E vale a pena demonstrar, através dos dados oficiais mais recentes fornecidos pelo INE, referentes à Conta da Produção, Exploração e Emprego das Contas Nacionais de 2007, o que vale o preço do factor trabalho para o aumento das nossas exportações: as remunerações dos trabalhadores representam apenas 26,1% dos custos de produção das nossas empresas, em geral, e, especificamente, no caso dos ramos exportadores da nossa economia, esse peso das remunerações nos custos de produção é apenas, e em média, de 15,5%.
Mesmo no caso do sector exportador da fabricação dos têxteis e indústria do vestuário, onde esse peso é mais elevado, ele é apenas de 23,9%.
Desta forma, mesmo que, por absurdo, as nossas empresas exportadoras conseguissem impor aos seus trabalhadores cortes salariais de 30%, como advogam alguns «falcões» de direita, o impacto desse corte na descida dos preços das exportações seria, apenas e em média, de 4,7% e de 7,2%, no sector têxtil, valor inferior à oscilação anual que se verificou, em 2010, em relação ao dólar, e muito menos significativo do que os custos energéticos suportados pelas empresas, os quais não têm parado de subir e se estima que, em 2011, possam aumentar mais de 10%.
A preocupação com a subida dos preços da energia para os bolsos dos portugueses e a competitividade das empresas foi colocada nas últimas semanas pelo Grupo Parlamentar do PCP ao Governo — ao Ministro da Economia em 9 de Novembro, ao Secretário de Estado da Energia em 16 de Novembro e ao PrimeiroMinistro em 10 de Dezembro (pelo Secretário-Geral do PCP) — sem que nenhum dos seus membros se mostrasse muito preocupado com o problema!

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — É verdade!

O Sr. Agostinho Lopes (PCP): — O que os preocupa são os custos do factor trabalho! Mas esta é uma questão crucial para a economia portuguesa. O PCP reclama outra política energética e preços adequados à produtividade e à competitividade das nossas empresas! É necessário pôr fim aos preços de monopólio dos grupos monopolistas privados da energia! É necessária outra política de incentivos às renováveis e outra regulação das suas tarifas — registe-se que a Espanha acabou de cortar em 35% os apoios às eólicas e às centrais solares térmicas! É necessária uma urgente intervenção do Estado nos preços da energia. É necessário trocar a mudança no mercado laboral, onde não há urgência, nem muita nem pouca, nenhuma, pelas urgentes mudanças no sector da energia!

Aplausos do PCP.

O Sr. Presidente: — Há três oradores inscritos para pedir esclarecimentos ao Sr. Deputado Agostinho Lopes.
Em primeiro lugar, tem a palavra o Sr. Deputado Almeida Henriques.

O Sr. Almeida Henriques (PSD): — Sr. Presidente, Sr. Deputado Agostinho Lopes, todos sabemos que as diferenças ideológicas existentes entre o meu partido e o partido que o Sr. Deputado aqui representa são notórias, mas há, pelo menos, uma preocupação que o Sr. Deputado aqui trouxe que é comum aos dois: a preocupação com a competitividade da economia portuguesa e com as exportações.
Ainda recentemente, tivemos dois sinais contrários da parte do Governo nesse sentido: por um lado, o Governo português reuniu com os 12 maiores exportadores, como que dizendo «é com estes que queremos puxar pelas exportações portuguesas», e, por outro, ontem, numa reunião, centenas de exportadores