I SÉRIE — NÚMERO 11
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Memorando? De que está à espera o Governo que possa suceder em Portugal para aumentar tanto este
limite?
Pergunto, ainda: por que se passa o limite das ajudas directas, em dinheiro, de 9100 milhões de euros para
12 000 milhões de euros? Por que se aumenta a ajuda directa à banca, em dinheiro, de 2800 milhões de
euros? Qual o valor já cedido em liquidez durante este ano até Julho de 2011, Sr. Ministro? É capaz de nos
informar? Este aumento terá, por exemplo, alguma coisa a ver com o BPN? Não sabemos se tem.
Sr. Ministro, julgo que o senhor ainda não tomou consciência, mas será que o País anda a «nadar em
dinheiro» para ter esta possibilidade de dar mais de 2800 milhões de euros de liquidez à banca só em 2011,
além do que já está consignado no Orçamento do Estado? Ou, em Portugal, a crise é só para alguns e não é
para todos, Sr. Ministro?
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Elsa Cordeiro.
A Sr.ª Elsa Cordeiro (PSD): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as
Deputadas e Srs.
Deputados, Sr. Ministro das Finanças, sabendo que Portugal recuou, nos últimos 13 anos, o seu rendimento
disponível, sabendo que a despesa pública aumentou significativamente em virtude de algumas más políticas
económicas implementadas pelo anterior governo, sabendo da degradação das condições de mercado interno
e externo, principalmente no último mês de Julho — sendo exemplo disso o risco percepcionado pelos
investidores quanto à dívida soberana dos países considerados periféricos manter-se a níveis bastante
elevados —, e de esta crise da dívida soberana ter vindo a colocar fortes restrições ao financiamento externo,
tendo também contaminado o sector financeiro e dificultando o financiamento do sector privado, existir a
possibilidade de afastamento do programa inicial de consolidação orçamental, poderia aumentar o risco de vir
a ser necessário implementar um segundo Programa de Assistência Financeira ou, mesmo, de incumprir com
os objectivos assumidos no Memorando de Entendimento.
Sr.as
Deputadas e Srs. Deputados, o País enfrenta extraordinários desafios para reduzir a despesa pública,
aumentar a eficiência fiscal não comprometendo o crescimento económico e, ainda, apoiar o sector bancário.
Recentemente, o Governo decidiu propor a aprovação de uma medida excepcional em sede de IRS, numa
perspectiva de gestão prudente dos riscos, com o objectivo de corrigir desequilíbrios de forma a dar um sinal
de confiança aos nossos parceiros económicos.
A situação insustentável das finanças públicas exige a prossecução de uma estratégia de consolidação
orçamental exigente e credível.
Sr. Ministro, o Governo está a propor a primeira alteração à lei orçamental para 2011. A pergunta que
pretendo fazer é a seguinte: quando será necessária a segunda?
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Ministro de Estado e das Finanças.
O Sr. Ministro de Estado e das Finanças: — Sr.ª Presidente, começarei pela resposta à última pergunta,
dizendo que esta é, de facto, a primeira proposta de alteração à Lei do Orçamento do Estado para 2011. A
nossa intenção é a de apresentar uma outra alteração a essa Lei do Orçamento do Estado para 2011,
simultaneamente com a proposta de lei de Orçamento do Estado para 2012.
Relativamente às perguntas formuladas pelos Srs. Deputados Pedro Filipe Soares e Honório Novo,
procurarei agrupar a resposta. É que, de facto, as perguntas sugerem o que receio ser uma confusão não só
entre um resultado esperado e a necessidade de precaução mas também entre o objectivo de uma medida e o
processo que lhe subjaz.
Deixem-me especificar.
Em primeiro lugar, o objectivo das alterações propostas pelo Governo é o de assegurar a estabilidade
financeira. E assegurar a estabilidade financeira recomenda a existência de mecanismos que permitam ao
sistema reagir de forma robusta e resiliente no caso da realização de choques.