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I SÉRIE — NÚMERO 84

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devastadores, entre os quais a explosão, a 12 de março, de reatores da central nuclear de Fukushima,

decorrente de incapacidade de resistência do sistema da refrigeração.

Deste drama, relacionado diretamente com o acidente nuclear de Fukushima, resultaram 150 000 pessoas

refugiadas dentro do seu próprio país, para fugir ao perigo radioativo mortífero, e 28 milhões de metros

cúbicos de solo radioativo contaminado diretamente da central. É de 600 000 milhões de dólares o custo

estimado para assumir os efeitos mais diretos do custo total do desastre nuclear.

São dramas e perdas que não se circunscrevem a um momento determinado ou a um espaço confinado.

São dramas e perdas que se prolongam no tempo e no espaço.

Fukushima, Sr.ª Presidente, Sr.as

e Srs. Deputados, demonstrou, de uma forma inabalável, que a produção

de energia nuclear não é segura! Aqueles que apregoam a alta segurança do nuclear nos dias que correm,

procuram minimizar o desastre de Fukushima de uma forma profundamente desumana e com uma

insensibilidade atroz. São os mesmos que nunca se referem aos custos exorbitantes de desmantelamento,

nem à produção elevada de CO2, decorrente desse desmantelamento de uma central nuclear. São os mesmos

que querem lançar um debate mas que nunca falam dos resíduos radioativos, que são indestrutíveis e

potenciais contaminadores, durante milhares e milhares de anos. São aqueles que sugerem enriquecer-se

com o negócio nuclear à custa da insegurança e do perigo generalizado de todos.

No mundo existem cerca de 440 reatores nucleares, cada um deles constituindo um perigo para uma

comunidade em concreto, para uma região concreta, para um Estado concreto, para um planeta concreto, que

é o único que temos para nos acolher. É este o mundo que se construiu, importando perceber que, ao nível

energético, se criou uma potencial bomba delapidadora do planeta, descentralizada por vários pontos do

globo, gerando um paradigma de insegurança, que importa que retroceda, a bem da humanidade e de todas

as formas de vida.

Sr.as

e Srs. Deputados, o nuclear não é uma fonte de energia limpa, produz resíduos radioativos altamente

perigosos; o nuclear não é uma indústria barata, se contabilizados todos os seus procedimentos, incluindo o

limite de vida de uma central nuclear e a sua necessidade de desmantelamento, bem como os financiamentos

públicos que influem na sua capacidade de competitividade; o nuclear não é uma fonte de energia renovável, é

dependente do urânio, que é esgotável.

Em Portugal, já se viu alegar algo tão disparatado quanto isto: coabitando nós com os riscos do nuclear

instalado na vizinha Espanha, é, então, pouco acrescentador de perigo a construção de uma central nuclear

por cá. Como se nos fizessem a todos de tolos e nos indicassem que termos um foco de perigo, ou dois, ou

três, ou quatro vem tudo a dar no mesmo. Não, dizem Os Verdes! Portugal, que optou, e muito bem, pelo «não

ao nuclear» nos anos 70, que rejeitou sujeitar-se a riscos tamanhos, deve mover-se pelo alargamento da

segurança e pela isenção de riscos que escolhemos não ter, impelindo igualmente outros a inverter o seu

caminho nuclearista.

É por isso também, Sr.as

e Srs. Deputados, que Os Verdes consideram que se torna absolutamente

relevante uma contestação à importação, por Portugal, de energia nuclear, advenha ela de Espanha, ou de

França, ou de outro lado qualquer.

Essa é uma responsabilidade também nossa e, porque assim é, o Partido Ecologista «Os Verdes» não

poderia deixar de relembrar o recente drama de Fukushima, que ainda hoje tem repercussões profundamente

dramáticas.

A Sr.ª Presidente: — Os Srs. Deputados Paulo Sá, Luís Fazenda e Pedro Delgado Alves inscreveram-se

para pedir esclarecimentos à Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia.

Tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Sá.

O Sr. Paulo Sá (PCP): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia, trouxe hoje

aqui um tema muito importante, o da energia nuclear.

Quero dizer-lhe que desde a primeira Conferência das Nações Unidas para a Aplicação Pacífica da Energia

Atómica, em 1955, a energia nuclear tem sido considerada, por diversos setores, como a energia do futuro.

Contudo, a expansão do uso da energia nuclear processou-se a um ritmo modesto e sempre envolto em

grande controvérsia. Para isso contribuíram vários fatores, entre os quais a segurança dos reatores, que a Sr.ª