I SÉRIE — NÚMERO 10
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Durante a campanha eleitoral, o PSD disse aos portugueses que tinha solução para todos os desafios do
País, que a crise era interna, que o Memorando de Entendimento, negociado com instâncias internacionais,
assentava que nem uma luva na visão do PSD para o País e que até era preciso ir mais longe. O CDS-PP
falava-nos da ética social e da equidade fiscal na austeridade, da defesa do contribuinte, da moderação fiscal,
da necessidade de pôr a economia a crescer.
Tudo parecia fácil: ganhar eleições, ocupar o poder, aplicar as teorias e as receitas estudadas; Portugal
ultrapassaria todas as suas dificuldades e rapidamente passaríamos de novo ao Portugal oásis.
A Sr.ª Elza Pais (PS): — Muito bem!
A Sr.ª Helena André (PS): — Este Governo teve condições de governabilidade excecionais.
Protestos da Deputada do PSD Conceição Bessa Ruão.
Os cidadãos sabiam que teriam de fazer sacrifícios, os agentes económicos e sociais uniram-se em torno
de uma agenda que ajudaria o País a ultrapassar alguns dos seus défices estruturais crónicos. O amplo
consenso político e a paz social distinguiam-nos positivamente no espaço europeu, apesar da grande
dificuldade da Europa em responder à crise que a afligia.
Um ano e meio depois, com todas estas condições reunidas, com todos os sacrifícios exigidos às
portuguesas e aos portugueses, urge perguntar: foi o Governo capaz de equilibrar as contas públicas do País?
O Sr. José Junqueiro (PS): — Ora, ora!
A Sr.ª Helena André (PS): — De criar as condições para o crescimento económico gerador de emprego e
de melhores salários e de reduzir os custos de contexto para que as empresas compitam em pé de igualdade
com as suas congéneres europeias?
A Sr.ª Elza Pais (PS): — Bem lembrado!
A Sr.ª Helena André (PS): — Foi o Governo capaz de praticar a equidade fiscal, a ética social na
austeridade, o visto familiar nas suas políticas e de promover a igualdade?
Foi o Governo capaz de discriminar positivamente os mais frágeis da sociedade, muitos impedidos de
aceder a qualquer apoio social? De dar oportunidades aos jovens, com níveis de educação nunca antes
atingidos, para se fixarem no País? De dar uma segunda oportunidade aos menos jovens, ajudando-os a
manter-se ou a reintegrar o mercado de trabalho? Ou ainda de apoiar o empreendedorismo, de investir na
educação, na investigação e no desenvolvimento, fundamentais para que a nossa capacidade exportadora se
reforce, com base num forte valor acrescentado nacional, permitindo-nos competir com os melhores?
Em suma, Sr.as
e Srs. Deputados, pergunta-se: foi o Governo capaz de apresentar e de implementar no
País uma agenda de controlo das contas públicas, de reforma do Estado e da economia, de desenvolvimento
económico, social e ambiental, que recoloque Portugal numa trajetória de crescimento sustentado e
sustentável?
A resposta é simples: não! O Governo não foi capaz de responder a nenhuma destas exigências e, hoje, os
portugueses encontram-se numa situação bem pior do que há um ano atrás.
Aplausos do PS.
Os resultados desta política desastrosa estão bem à vista de todos: uma quebra do PIB de 3,3% no 2.º
trimestre deste ano; 861 000 desempregados; mais de 160 000 jovens desempregados; mais de 300 000
desempregados sem qualquer apoio social; mais de 4400 falências de empresas no 1.º semestre deste ano;
mais de 6000 famílias insolventes; mais de 700 000 pessoas com empréstimos em situação de incumprimento;
mais de 20 000 novos pedidos de Rendimento Social de Inserção.
Este é o balanço de uma governação falhada que mais não fez do que navegar à vista.