12 DE OUTUBRO DE 2012
77
O Sr. João Semedo (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: As minhas primeiras palavras são
para saudar os signatários aqui presentes e a determinação e o empenho de todos os signatários desta
petição pelo esforço que têm vindo a fazer para manter a qualidade dos serviços prestados pelas unidades
hospitalares do Médio Tejo do Serviço Nacional de Saúde. Nesta minha saudação queria também referir o
papel e a intervenção que têm tido muitos dos autarcas daquela região do País.
Começo por referir que esta é uma reestruturação de um Centro Hospital, de um conjunto de hospitais,
que, como muitas outras que têm ocorrido no País, sucede mesmo antes de o Governo aprovar a nova rede
hospitalar, o que é, do meu ponto de vista, um contrassenso. Isso não faz qualquer sentido.
Em segundo lugar, gostava de dizer — e desse ponto de vista a intervenção da Sr.ª Deputada Carina
Oliveira ajuda muito a fundamentar a afirmação que vou fazer a seguir — que esta reestruturação não teve por
objetivo melhorar os cuidados de saúde mas, sim, resolver a situação deficitária em que o hospital se
encontrava, seja qual for o motivo. Seguramente houve muitos motivos para isso mas a situação era de facto
grave, e um dos motivos foi, por certo, a falta de financiamento necessário àquele hospital.
Portanto, entendamo-nos: a chamada reestruturação do Centro Hospitalar do Médio Tejo não foi para
melhorar cuidados de saúde, coisa nenhuma, foi exclusivamente para reduzir a despesa.
Aliás, a Sr.a Deputada — e era aí que eu queria chegar —, na sua intervenção, não foi capaz de elencar um
aspeto positivo da reestruturação no que diz respeito à prestação de cuidados. O que a Sr.a Deputada disse
em defesa desta reestruturação foi que se pouparam 16 milhões de euros. Ora, ainda não avalio as unidades
de saúde pela poupança mas, sim, pela qualidade dos serviços prestados.
O que acontece no Centro Hospitalar do Médio Tejo, embora esta reestruturação ainda não tenha um ano e
seja, portanto, cedo, ainda, para todos os balanços, é que já se sabe o suficiente para perceber que ela não foi
bem-feita. Houve especialidades que deixaram de ter médico, como é o caso da infeciologia, há
especialidades que reduziram as equipas, como é caso da radiologia, da imagem, da urologia e outros, e há
exames que se faziam no hospital e que se deixaram de fazer.
Ora, isto não é bom para as populações que habitualmente vão àqueles hospitais e, portanto, o problema
de fundo é que a reestruturação, independentemente dos seus objetivos, dos seus fundamentos, foi mal
pensada e mal aplicada. É inacreditável, num centro hospitalar que tem três unidades, que não se tenha tido o
bom senso de aquelas especialidades que são centrais, as especialidades mais importantes, terem diferentes
núcleos nos três hospitais. Isso permitiria evitar que a população andasse como um carrocel, a circular entre
as três unidades hospitalares, com os inconvenientes que já aqui foram lembrados.
E tanto foi mal pensada que a própria Entidade Reguladora da Saúde, que fez o estudo/proposta da rede
hospitalar, já anunciou, neste estudo e nesta proposta, a necessidade de alterar algumas das mudanças
entretanto ocorridas no Centro Hospitalar do Médio Tejo.
Concluo dizendo que, por este conjunto de razões, considero que os peticionários, os signatários desta
petição têm toda a razão. Era necessário parar para pensar e para mudar, de facto, para melhor.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.a Deputada Idália Salvador
Serrão, do PS.
A Sr.ª Idália Salvador Serrão (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Em primeiro lugar, queria
saudar não apenas todos os peticionários como todos aqueles que, em nome da petição, vieram hoje até nós
— saúdo o Sr. Presidente da Câmara, saúdo também os eleitos da Assembleia Municipal de Tomar os Srs.
Presidentes de Junta e gostaria imenso de poder saudar o Sr. Presidente da Assembleia Municipal de Tomar
mas, como não veio até nós, peço-lhes, caros amigos, que lhe levem esta minha saudação.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Esse deve estar no Brasil ou em Angola!
A Sr.ª Idália Salvador Serrão (PS): — O Partido Socialista respeita a pretensão dos eleitos da Assembleia
Municipal de Tomar para que se suspenda, de imediato, o processo de reorganização do Centro Hospitalar do
Médio Tejo, alterando, igualmente e de imediato, a classificação referente ao Serviço de Urgências no Hospital
Distrital de Tomar, passando a adotar a classificação de serviço de urgência médico-cirúrgica.
Aliás, os Deputados do Partido Socialista têm acompanhado esta pretensão em estreita proximidade com
os autarcas, com os movimentos de cidadãos, com profissionais de saúde e com dirigentes do Centro