I SÉRIE — NÚMERO 13
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O Sr. Honório Novo (PCP): — Daqui a um ano, que discurso é que o senhor vai fazer?!
O Sr. Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares: — Hoje, Portugal depende da ajuda externa para
se financiar. Sem esta ajuda, não haverá dinheiro para pagar salários e pensões,…
Protestos do Deputado do PCP Honório Novo.
O Sr. Deputado Honório Novo tem alguma questão para colocar?!
O Sr. Honório Novo (PCP): — Se eu tiver o microfone ligado, falo!
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço-lhe que continue, Sr. Ministro.
O Sr. Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares: — Sr. Deputado, se pretende ser respeitado, tem
que se habituar a saber respeitar! Um princípio da vida democrática é o da tolerância!
O Sr. Honório Novo (PCP): — Sei que não gostou de ouvir o que eu disse!
O Sr. Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares: — Não ouvi sequer o que disse!
O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço-lhe que continue, Sr. Ministro.
O Sr. Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares: — Hoje, Portugal depende da ajuda externa para
se financiar. Sem esta ajuda, não haverá dinheiro para pagar salários e pensões, para pagar hospitais e
escolas, para pagar juros da dívida.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — E as PPP?!
O Sr. Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares: — Em troca do auxílio, cabe-nos reduzir o défice
externo, controlar as contas públicas e introduzir reformas que melhorem a competitividade da nossa
economia. Trata-se de construir uma reputação de credibilidade.
Faltam 20 meses para terminar o programa de ajustamento e não vamos falhar na reta final. O êxito
depende da credibilidade amealhada pelo povo português, através de duros sacrifícios. Desistir agora não é
opção, pois toda a desistência representa fracasso.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!
O Sr. Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares: — Pior ainda: desistir agora condenava o País à
bancarrota, ao atraso e ao isolamento.
Sr.as
e Srs. Deputados: Estamos a preparar um Orçamento de Estado muito difícil e exigente. O povo
português sabe que os sacrifícios que pedimos serão essenciais para evitar um cenário bem mais amargo.
O Orçamento do Estado para 2013 vai continuar o esforço de redução do saldo primário nas contas
públicas, um indicador decisivo para a nossa credibilidade externa. Pela primeira vez em 20 anos, estaremos
muito perto do equilíbrio: o défice orçamental será diminuído para 7500 milhões de euros, ou 4,5% do PIB,
conforme os nossos compromissos com a troica.
O Orçamento estará também concentrado no crescimento económico,…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Então, não?!
O Sr. Ministro Adjunto e dos Assuntos Parlamentares: — … com medidas concretas para promover o
emprego e recapitalizar as empresas.