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I SÉRIE — NÚMERO 13

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falhou, que falhou em tudo! Falhou no emprego, falhou nas falências, falhou nos próprios objetivos do défice!

Falhou em tudo!

Ora, depois deste falhanço, o que este Governo tem para dizer ao País é: «Porque falhámos, voltamos a

repetir.» É uma loucura, Srs. Ministros, Sr. Secretário de Estado e Srs. Deputados da maioria! É uma loucura e

é uma insanidade que não vai resultar.

O Sr. Ministro das Finanças e este Governo falam de transformação estrutural. Não há transformação

estrutural. Nem há uma coisa de que alguns liberais gostam, que é a destruição criativa. Há apenas e só uma

destruição destrutiva, que é o que os Srs. Ministros e este Governo estão a fazer a este País. Uma destruição

destrutiva! Não constroem nada, só destroem!

O Sr. Ministro da Economia veio aqui falar de um extraordinário sucesso que só foi visto numa economia de

guerra em racionamento. Devia ter vergonha, Sr. Ministro da Economia, de usar como sucesso uma realidade

que só aconteceu numa economia de guerra, com pobreza e com racionamento, em 1943.

Se o Sr. Ministro olhar para os dados do Orçamento do Estado, a única mudança face ao que estava

previsto não é nas exportações. As exportações em 2010 cresceram 8%, em 2011 cresceram 8% e agora

crescem a uma taxa muito mais baixa. Nada é devido às vossas políticas! As vossas políticas só tiveram

impacto na redução do défice externo, no colapso do consumo e no colapso do investimento.

Basta olhar para os números do vosso Orçamento do Estado do ano passado para ver que a única

alteração foi a queda brutal das importações. E se este Governo se quer vangloriar dessa queda brutal das

exportações tem de ter a coragem de olhar na cara dos mais de 800 000 desempregados e dizer que eles

também fazem parte do ajustamento, que eles são uma variável de ajustamento, que o desemprego é

estrutural, que a queda do investimento é estrutural e que a queda do consumo é estrutural.

Aplausos do PS.

Os senhores têm de ter a cara e a coragem de dizer a esses portugueses que eles, com o seu infortúnio e

a sua miséria, fazem parte do sucesso que vocês imaginam para o nosso País. Não fazem nem podem

fazer!…

Mas o mais trágico de tudo é que, nas duas últimas semanas, assistimos a uma coisa inédita na história do

FMI. O FMI admitiu, pela primeira vez, publicamente, que o FMI e todas as instituições internacionais, repito,

todas as instituições internacionais, subestimaram, de forma grosseira, os efeitos da austeridade.

Um Governo normal, conduzido por um Ministro das Finanças normal,…

O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Peço-lhe que conclua, Sr. Deputado.

O Sr. João Galamba (PS): — … olharia para estes dados como uma oportunidade negocial para o nosso

País. Mas o que é que faz este Governo? Não trata isto como uma oportunidade para melhorar as condições

do nosso Programa, trata isto como uma ameaça à alucinada estratégia que este Governo, teimosamente,

decide impor ao nosso País.

Aplausos do PS.

O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Tem de concluir, Sr. Deputado João Galamba.

O Sr. João Galamba (PS): — Quando uma instituição como o FMI reconhece um erro, a obrigação de

qualquer governante é aproveitar essa oportunidade e dizer «estavam enganados, refaçam as contas, não

serve para o nosso País».

O Sr. Presidente (Ferro Rodrigues): — Tem de concluir, Sr. Deputado.

O Sr. João Galamba (PS): — Encarar isto como um sobressalto, uma ameaça a uma estratégia alucinada

é, porventura, o sinal de que este Governo não procura uma alternativa não porque ela não exista, mas porque

não a quer aproveitar.