I SÉRIE — NÚMERO 17
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Permita-me que lhe faça a seguinte referência: a partir de 1 de janeiro do próximo ano, os trabalhadores
independentes que trabalhem mais de 80% para uma única entidade empregadora terão direito a subsídio de
desemprego, algo que não acontecia e que os senhores esqueceram de referir na vossa intervenção.
Em segundo lugar, esqueceram-se de referir que fizemos várias alterações ao Código Contributivo para
facilitar a vida aos trabalhadores independentes, desde logo corrigindo uma coisa que o PS nunca corrigiu,
que é a circunstância de, por erro da administração, as pessoas ainda terem de pagar juros se houver alguma
desconformidade nos pagamentos que fizeram. Nós fizemos essa alteração, garantindo que essa injustiça não
aconteça.
Mas, mais do que isso, criámos condições para facilitar o pagamento das dívidas à segurança social por
todos os cidadãos e empresas, nomeadamente no que diz respeito ao aumento do prazo e aos valores
mínimos. Fizemos ainda uma outra alteração, garantindo, assim, o pagamento voluntário, sem ser coercivo,
uma vez de três em três anos, se necessário, para todas essas entidades, de forma a facilitar a sua relação
com a segurança social.
Para terminar, gostava de dizer à Sr.ª Deputada que este Governo está a fazer tudo o que é possível para
responder positivamente às solicitações dos trabalhadores independentes. Estamos conscientes de que a
enorme trapalhada que nos deixaram no Código Contributivo não ajuda a vida dessas pessoas, mas as
alterações que temos feito seguramente vão ao encontro das preocupações desses trabalhadores.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para replicar, tem a palavra a Sr.ª Deputada Rita Rato.
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — Sr. Presidente, Sr. Secretário de Estado, um trabalhador independente que
tenha um salário bruto de 1000 € com o próximo Orçamento do Estado vai ter um aumento de 80% no IRS.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Rita Rato (PCP): — O Sr. Secretário de Estado devia pensar nisto!
Um trabalhador independente em que mais de 80% da sua prestação de trabalho é para uma empresa, não
é um trabalhador independente, é um trabalhador por conta de outrem! Sejamos sérios, Sr. Secretário de
Estado! Garanta-se um contrato com direitos!
O Sr. Secretário de Estado tem exemplos destes no seu Ministério, sendo este Governo responsável pelo
recurso ilegal à precariedade destes trabalhadores!
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para responder, o Sr. Secretário de Estado da
Solidariedade e da Segurança Social.
O Sr. Secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social: — Sr. Presidente, refiro e sublinho
a circunstância de a Sr.ª Deputada nada ter dito sobre a questão do direito e do acesso ao subsídio de
desemprego por parte dos trabalhadores independentes. Era bom que a Sr.ª Deputada também referisse essa
circunstância!
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Está enganado! O senhor é que tem de responder!
O Sr. Secretário de Estado da Solidariedade e da Segurança Social: — Sr.ª Deputada, relativamente às
questões referidas na primeira réplica e às quais não tive tempo de responder, nomeadamente quanto aos
pensionistas, volto a dizer que este Governo irá descongelar, pelo segundo ano consecutivo, as pensões
mínimas em Portugal, garantindo uma política de justiça social que, no passado, não existiu.
Protestos da Deputada do PCP Rita Rato.