31 DE OUTUBRO DE 2012
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É preciso acrescentar que as taxas de juro que são praticadas pelo Mecanismo Europeu de Estabilização
Financeira e pelo Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, os dois fundos que fornecem a maior parte dos
empréstimos da troica, são já praticamente equivalentes aos custos de financiamento que esses próprios
fundos suportam, situando-se em termos médios em valores muito próximos dos 3% e numa taxa média de
3,1%.
Convém recordar que estas taxas de juro não eram as que estavam inicialmente previstas no programa
negociado pelo anterior Governo.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Inicialmente, as taxas acordadas eram substancialmente superiores, e
superiores a 4,2%.
O Sr. Carlos Abreu Amorim (PSD): — Bem lembrado!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Foi o atual Governo que, juntamente com o Governo irlandês, em julho de
2011, conseguiu que essas taxas fossem reduzidas para valores que são hoje mais baixos do que aqueles
que Portugal conseguia obter antes da crise financeira, nos tempos em que praticamente não havia
discriminação de risco da dívida pública portuguesa. Se não tivéssemos reduzido essas taxas de juro,
estendendo as novas condições aplicadas à Grécia, neste caso à Irlanda e a Portugal, e tivéssemos
permanecido com as taxas de juro negociadas pelo Governo anterior, teríamos pago até agora quase 800
milhões de euros a mais nas contas com juros dos empréstimos da troica.
Vozes do PSD: — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Foi assim que o Governo defendeu e, com resultados concretos, protegeu os
portugueses de uma volumosa fatura adicional.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Além disso, no mercado secundário de dívida pública, Portugal registou, desde o início do ano, as maiores
quedas das taxas de juro de todos os países com dificuldades de financiamento da área do euro e o melhor
desempenho na perceção do risco de incumprimento medido pelos CDS (credit default swap). Nas
maturidades mais longas estamos com valores que já não conhecíamos desde o outono de 2010.
E não nos podemos esquecer das operações bem-sucedidas de algumas empresas portuguesas, que
recentemente regressaram aos mercados de financiamento com operações que não eram realizadas em
Portugal desde o início de 2011. A participação de investidores estrangeiros nestas operações de
financiamento de empresas portuguesas foi muito substancial, o que traduz uma confiança na credibilidade do
conjunto do ajustamento português que ninguém, com sentido de responsabilidade e de razoabilidade política,
pode ignorar ou relativizar.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, como todo o País sabe, o Governo sempre defendeu que a maior
parte da consolidação orçamental devesse ser feita do lado da despesa. Foi isso que fizemos em 2012.
Mas, para 2013, a proporção mais desejável não poderá ser alcançada. Isso não quer dizer que a redução
expressiva da despesa do Estado não continue. Depois de baixarmos a despesa pública primária dos 48% do
PIB, que atingiu em 2010, para os 41% que registará no final de 2012, a proposta de Orçamento para 2013
inclui cortes na ordem dos 2700 milhões de euros.
Além disso, deve sublinhar-se que este será o primeiro Orçamento que contempla um corte assinalável dos
encargos com as parcerias público-privadas num total de 250 milhões de euros no que respeita às parcerias
rodoviárias.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.