I SÉRIE — NÚMERO 18
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fazem sejam chamados a dar o seu justo contributo. Como eu disse, esta é uma questão de equidade fiscal e
de igualdade no cumprimento dos deveres de cidadania. E a inclusão de alguns que escapam às suas
obrigações permitirá que todos possam ser menos sobrecarregados.
Mas, ao mesmo tempo, todos temos de confrontar o facto de que a elevada carga fiscal não é uma
imposição arbitrária do Governo, muito menos deste Governo, que quer, assim que as condições o permitam,
libertar os portugueses da carga tributária excessiva que têm aos seus ombros. Os pesados impostos que os
portugueses pagam são uma dura consequência do facto de a despesa implicar sempre impostos hoje ou
impostos amanhã.
O Sr. João Galamba (PS): — Não é bem assim!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Pois bem, esse amanhã, que no passado parecia distante, chegou agora.
Chegou agora, e na pior altura, o futuro adiado do pagamento das despesas que foram sendo feitas ao longo
dos anos.
Se a tudo isto somarmos o envelhecimento da população, com a pressão sobre o nosso Estado social que
dele decorre, temos razões de sobra para tornarmos ainda mais urgente uma nova fase de redução estrutural
da despesa pública.
Apesar de todas as restrições e condicionalismos, a presente proposta não descura os problemas das
empresas e da competitividade. Darei apenas alguns exemplos: abriremos linhas de crédito às PME para o
seu financiamento de curto prazo; com vista a diversificar as fontes de financiamento das pequenas e médias
empresas e reduzir a sua dependência do crédito bancário, criaremos a Linha Obrigações PME direcionada
para o lançamento de emissões agrupadas de obrigações de pequenas e médias empresas no mercado de
capitais; introduziremos o IVA de caixa para as microempresas, que só terão de pagar o IVA ao Estado depois
de receberem dos seus clientes e assim garantir que o Estado deixe de provocar problemas de liquidez a
essas empresas.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — IVA de caixa outra vez?! Já prometeu isso há um ano!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Além disso, os bancos que estejam envolvidos em operações de
recapitalização com fundos públicos terão de afetar 30 milhões de euros a um fundo de investimento que tem
por objetivo reforçar os capitais próprios das PME. Em 2013, teremos, no total, 90 milhões de euros
disponíveis para esta finalidade.
Para criar um contexto mais favorável ao investimento privado, o Governo irá proceder a uma revisão do
Código Fiscal do Investimento e criará um novo regime fiscal de apoio ao investimento e reformaremos de
modo profundo e transversal o regime de licenciamento.
Simplificar o licenciamento e eliminar ou desmaterializar os obstáculos processuais são os objetivos
principais.
Queremos um Estado que esteja mais ao lado das empresas e não contra elas.
E, no âmbito da desburocratização, estamos a estudar a melhor afinação de uma regra geral muito simples:
a de que por cada novo procedimento administrativo que for introduzido outro procedimento terá de ser
eliminado.
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Simplifica «à brava»!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Na área do imobiliário e da construção, a Iniciativa JESSICA — Joint European
Support for Sustainable Investment in City Areas, que consiste na constituição de três fundos de
desenvolvimento urbano, terá uma aplicação de 165 milhões de euros em 2013.
E como o preço dos combustíveis nos mercados internacionais afeta negativamente as nossas famílias e
empresas, dinamizaremos as redes de combustível low cost.
Em 2013, teremos um reforço da execução das políticas ativas de emprego que vão desde o reembolso da
TSU para empresas que contratem desempregados com mais de 45 anos; o programa de estágios
profissionais para casais desempregados com filhos e para desempregados que tenham a seu cargo famílias