O texto apresentado é obtido de forma automática, não levando em conta elementos gráficos e podendo conter erros. Se encontrar algum erro, por favor informe os serviços através da página de contactos.
Não foi possivel carregar a página pretendida. Reportar Erro

I SÉRIE — NÚMERO 23

10

garantir que o País tinha mais dois anos de Governo Sócrates, mais dois anos de endividamento. Quando

chegou a 2011, o País estava em muito piores condições para pedir financiamento.

Aplausos do CDS-PP e do PSD.

A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado José Luís Ferreira, de Os

Verdes.

O Sr. José Luís Ferreira (Os Verdes): — Sr.ª Presidente, Srs. Membros do Governo, Sr.as

e Srs.

Deputados, gostaria de me referir ao artigo 113.º da proposta de lei, que diz respeito à contribuição sobre

prestações de doença e de desemprego, porque esta medida é mais uma prova da mais completa

insensibilidade social do Governo do PSD e do CDS-PP.

Na verdade, ao pretender reduzir em 5% o montante do subsídio de doença e em 6% o montante do

subsídio de desemprego, o Governo volta a atacar os mais desprotegidos do ponto de vista social, o Governo

pretende emagrecer ainda mais o rendimento disponível das famílias que vivem com mais dificuldades.

Seria bom não esquecer que, no caso das pensões, nomeadamente das pensões do sistema contributivo,

o Governo está a agir como gestor de um património que, em bom rigor, não lhe pertence. Trata-se de um

património que não é, de facto, do Governo, é um património alheio que as pessoas confiaram ao Estado, e,

portanto, com as reduções destas pensões há mais um contrato que o Governo não vai cumprir.

Na realidade, estamos diante de um contrato celebrado entre os cidadãos e o Estado, no qual os cidadãos

cumpriram com a sua parte, pois foram descontando enquanto trabalharam exatamente nos termos em que foi

acertado com o Estado, na expetativa legítima de receberem essas prestações nos termos que tinham

combinado, e vem agora o Governo dizer: «Não senhor, a partir de agora não é assim, a partir de agora vão

receber menos do que tínhamos acordado de boa-fé, vão receber menos 5% ou 6% do que aquilo que

tínhamos combinado».

Já para não falar dos desempregados, que recebem um valor baixíssimo de subsídio e estão sem grandes

expetativas de voltarem ao mercado de trabalho dadas as políticas que o Governo tem vindo a praticar e a

forma como tem combatido o desemprego, sobretudo com os despedimentos que se preveem para a função

pública. É preciso ter presente também que mais de metade dos desempregados não tem sequer acesso ao

subsídio de desemprego.

Esta situação é a todos os títulos inadmissível e profundamente injusta, por isso Os Verdes propuseram a

eliminação do artigo 113.º da proposta de lei, que vem trazer esta inadmissível injustiça.

Colocar os desempregados e os doentes a pagarem 6% de imposto e ainda por cima ter o descaramento

de vir falar em ética na austeridade é de uma ousadia do tamanho da insensibilidade social do Governo!

A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Muito bem!

A Sr.ª Presidente: — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Honório Novo, do PCP.

O Sr. Honório Novo (PCP): — Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, fiz um enorme esforço para tentar

perceber a posição do CDS sobre a execução orçamental, mas não percebi. Passemos à frente.

A verdade é que este Governo e a maioria que o apoia, e não só, em matéria de renegociação da dívida

estão orgulhosamente sós. E estão cada vez mais orgulhosamente sós, Sr. Secretário de Estado, até ao

momento em que essa renegociação se imponha sob a forma de negociação de um segundo resgate e,

depois, se imponha ao País novas condições agiotas. Aí os senhores já renegoceiam.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!

O Sr. Honório Novo (PCP): — Confirmou também que estão cada vez mais sozinhos na presunção de que

o défice, este ano, vai ser de 5%. Esperemos pelo fim do ano para ouvir a voz do Governo.

O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Se ainda cá estiver!