I SÉRIE — NÚMERO 23
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estamos convencidos e empenhados nisso — é possível discutir o Estado para que os níveis de custo para os
portugueses sejam comportáveis com os impostos que são exigidos.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados, gostaria de falar agora sobre algumas propostas da maioria.
A maioria apresentou uma proposta para redução da sobretaxa de 4% para 3,5%.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Enorme aumento de impostos!
O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — Dirão os partidos da oposição que esta proposta não tem
significado, que são uns míseros euros. Para nós, é uma proposta que vai no sentido correto, porque mostra
que, se fizermos cortes suficientes, mesmo num quadro de exigência orçamental é possível discutir o Estado,
é possível reduzir o peso do Estado na economia e é possível baixar os impostos. Foi isso que fizemos, e
fizemo-lo da seguinte maneira, Sr. Deputado: dois terços pelo lado da despesa, um terço pelo lado da receita.
O Sr. Pedro Filipe Soares (BE): — Aonde?
O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — Vou explicar-lhe, Sr. Deputado, devagar e com tranquilidade.
Fizemo-lo pelo caminho da equidade fiscal ao criar um novo escalão na taxa de solidariedade, de 5%, para
rendimentos superiores a 250 000 €; fizemo-lo através da redução da despesa, designadamente com o
aumento do corte nas verbas para as fundações em mais 50%; fizemo-lo pelo agravamento das cativações ao
nível dos consumos intermédios, sobretudo na rubrica Estudos, pareceres, projetos e consultoria; fizemo-lo
também na diminuição das indemnizações compensatórias; e, por fim, fizemos um caminho relativamente a
um censo rigoroso sobre os observatórios. Conseguimos neste exercício orçamental, e num quadro de
exigência, conforme já disse, uma poupança que nos permite baixar em meio ponto percentual a sobretaxa
que estamos a pedir aos portugueses.
Srs. Deputados, 105 milhões de euros é o contributo que esta maioria quis dar e é, sobretudo, o sinal que
queremos dar para o futuro aos portugueses. É que se soubermos pensar o Estado, se discutirmos seriamente
quais são as funções de um Estado social, que a esquerda diz que quer salvar, é possível pôr os impostos dos
portugueses a níveis sustentáveis, como todos desejamos.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Eduardo Cabrita.
O Sr. Eduardo Cabrita (PS): — Sr.ª Presidente, Srs. Deputados, o artigo 176.º é verdadeiramente o
«coração» deste Orçamento de direita, é verdadeiramente o enorme aumento de impostos anunciado pelo
Ministro Vítor Gaspar; corresponde à revelação do completo fracasso da execução do Orçamento do Estado
para 2012, corresponde à morte da hipocrisia de uma estratégia de consolidação feita pelo lado da despesa.
Depois de um ano e meio de Governo, depois da definição de todos os objetivos que a maioria de direita
quis colocar no Orçamento do Estado para 2012 e que, todos eles, falharam, aqui está uma estratégia em que
o Orçamento assenta em 81% no aumento de impostos.
Este artigo demonstra que este Orçamento é «filho» do fracasso de 2012, quando o Orçamento do Estado
para 2013 é já um nado-morto, é um Orçamento inexequível, é um Orçamento recessivo, é um Orçamento
injusto.
É um Orçamento inexequível porque, quando a última execução orçamental, divulgada na sexta-feira, nos
prova o completo fracasso da estratégia de aumento de impostos, ninguém acredita que seja viável um
Orçamento centrado num aumento em 31% da receita do IRS. Mais de 3000 milhões de euros de receita de
IRS — é isso que está na proposta de Orçamento do Estado.
É um Orçamento recessivo porque este corte violentíssimo nos rendimentos de trabalho, este corte
violentíssimo no rendimento das famílias, vai ser o responsável por uma nova queda da procura interna e por
uma recessão, sendo que ninguém acredita na previsão de 1% de queda do Produto que o Governo
estabelece no Orçamento do Estado para 2013.