27 DE NOVEMBRO DE 2012
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O Sr. Honório Novo (PCP): — Deixe a cassete da equidade!
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — O documento que foi apresentado pelo Ministério
das Finanças, e que foi, aliás, distribuído aos Deputados da Comissão de Orçamento, Finanças e
Administração Pública, demonstra, efetivamente, que há um reforço da progressividade desta proposta e que
a tributação em função do rendimento bruto dos agregados familiares — que é a única forma de medir a
progressividade do imposto — aumenta, é crescente em função do aumento do rendimento das famílias. Essa
progressividade começa em 1% para os escalões mais baixos e acaba em valores superiores a 7% para os
escalões mais elevados e para as famílias com mais rendimentos.
Srs. Deputados, é importante também reafirmar aqui que o sistema fiscal português é, e continua a ser, um
sistema progressivo.
É um sistema em que 86% da receita total de IRS é paga pelos últimos dois escalões, pelas famílias com
mais rendimentos. É um sistema em que apenas o último escalão está sujeito a uma taxa social, a uma taxa
de solidariedade, que era de 2,5% e que passará a ser de 5%, a partir do próximo ano. Mais nenhum escalão
do IRS está sujeito a esta taxa de solidariedade.
O Sr. Honório Novo (PCP): — O que está a dizer é uma vergonha!
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — É um sistema em que apenas o último escalão do
IRS e, por isso, apenas as famílias com mais rendimentos não podem fazer qualquer dedução à coleta na
educação, na saúde, na habitação. É um sistema fiscal em que apenas o último escalão do IRS e, por isso, as
famílias com mais rendimentos não podem deduzir qualquer benefício fiscal.
Todos os outros escalões podem realizar deduções à coleta na habitação, na educação e na saúde,
apenas o último escalão não o pode fazer. Todos os outros escalões podem deduzir e beneficiar de incentivos
fiscais, apenas o último escalão não o pode fazer. Isto reforça a progressividade do imposto, que não está,
evidentemente, em causa.
Mas o Governo teve também outra preocupação. Não obstante os constrangimentos orçamentais, não
obstante as dificuldades e as exigências do momento que atravessamos, o Governo manteve o mínimo de
existência, o Governo não alterou o mínimo de existência e, dessa forma, o Governo garantiu que mais de 2
milhões de agregados familiares em Portugal, não obstante a alteração das tabelas e não obstante a
reintrodução da sobretaxa, continuarão a não pagar IRS em 2013.
Para além disso, queria também chamar a atenção para o facto de que o Governo apontou para o sétimo
exame regular o início de um trabalho — a continuação de um trabalho, diria eu — de redução estrutural da
despesa. É um trabalho exigente, é um trabalho que nos deve convocar a todos — à sociedade civil, aos
partidos, ao Governo —, é um trabalho essencial para termos contas públicas consolidadas, para termos
contas públicas em ordem. Este esforço é muito importante porque é dele, é da ambição que colocarmos na
redução da despesa pública, que conseguiremos, a prazo, reduzir a carga fiscal. Esta é a intenção deste
Governo.
Este Governo não está satisfeito com o nível de carga fiscal que, neste momento, é exigível.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Ainda não está satisfeito? Quer mais?!
O Sr. Secretário de Estado dos Assuntos Fiscais: — É fundamental que, por via da redução estrutural
da despesa pública, seja possível, a prazo, reduzir a carga fiscal sobre os portugueses, a carga fiscal sobre as
famílias e a carga fiscal sobre as empresas públicas.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente: — Srs. Deputados, uma vez que não há inscrições sobre as propostas de artigos 176.º-
A, passamos à discussão do artigo 177.º — Sobretaxa em sede de IRS.
Tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Magalhães.