6 DE DEZEMBRO DE 2012
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preocupações, que cautelas tomou e combater essa perceção que alguns Srs. Deputados possam ter de que
o processo não é suficientemente transparente.
Começando por responder ao Sr. Deputado Bruno Dias, algumas das questões que referiu, nomeadamente
dos benefícios de pagamento de impostos, de contribuições para a segurança social, mantendo-se a empresa
com sede em Portugal e a trabalhar em Portugal, devo dizer que, naturalmente, não se perdem por passarem
de uma gestão pública para uma gestão privada.
No que diz respeito ao aumento das tarifas, considero importante, muito embora isso não decorra do
decreto-lei de privatização, mas sim do contrato de concessão, explicar o seguinte: o objetivo que se pretende
com o aumento das tarifas no aeroporto de Lisboa é o de fazer uma subsidiação cruzada para permitir tornar
mais competitivos os aeroportos de outras partes do País, nomeadamente o aeroporto do Funchal, que tem as
tarifas mais altas da Europa ocidental. Também estamos preocupados em preservar a competitividade do
turismo numa região que tem sentido tantas dificuldades.
A questão que se coloca é, de facto, a de se fazer uma gestão integrada e eficaz de uma rede de
aeroportos, fazendo com que aqueles que têm maior possibilidade de ter tarifas mais altas possam compensar
os outros, onde as tarifas não devem aumentar.
A forma como as tarifas, em Lisboa, serão determinadas está limitada por uma comparação com um
conjunto de aeroportos, cujas tarifas são revistas de dois em dois anos, garantindo que nunca perdem
competitividade por comparação com os aeroportos comparáveis.
Uma outra questão que também me parece muito importante esclarecer neste debate prende-se com
aquilo que o Sr. Deputado José Luís Ferreira referiu, dizendo que aquilo que o Estado pretende fazer ao
celebrar o contrato de concessão é apenas registar uma receita no défice.
Sr. Deputado, a intenção não é de todo essa; o objetivo de fazer este contrato é completamente
independente do tratamento dado em contas públicas. Uma coisa é uma concessão estar a ser gerida por uma
entidade que é pública, outra é ser gerida por uma entidade que é privada, e o Estado não pode deixar de
contratualizar, assegurar a certeza jurídica, a propriedade e a transferibilidade dos bens de concessão antes
de vender as ações da ANA.
Recordo que o que é vendido são as ações da ANA; os ativos aeroportuários são domínio público,
continuam na posse do Estado.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma nova intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Bruno
Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Quero que fique bem claro que, para o
PCP o mais grave, o mais escandaloso e o mais criminoso em todo este processo não é a falta de
transparência, que, só por si, é mais grave.
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — É que estamos a falar de delapidar o património público, que é fundamental
para a própria soberania nacional.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Muito bem!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Com a rede aeroportuária e com o transporte aéreo não se brinca, Srs.
Deputados!
Estamos a falar de matéria fundamental para a própria segurança do País e das populações!
Estamos a falar de uma rede aeroportuária que tem necessidades de investimento e que já provou ter, na
gestão pública, uma capacidade de resposta que não é menor da de qualquer grupo privado que venha para
Portugal. Não vêm cá ensinar nada, Srs. Deputados!