6 DE DEZEMBRO DE 2012
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Antes de dar a palavra ao Sr. Deputado Bruno Dias, vou pedir ao Sr. Secretário o favor de anunciar três
projetos de resolução que entretanto deram entrada na Mesa.
O Sr. Secretário (Abel Baptista): — Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, sobre a matéria objeto da presente
apreciação parlamentar, deram entrada na Mesa os projetos de resolução n.os
521/XII (2.ª) — Revoga o
Decreto-Lei n.º 232/2012, de 29 de outubro, que aprova o processo de privatização da ANA — Aeroportos de
Portugal, SA (PCP), 522/XII (2.ª) — Cessação de vigência do Decreto-Lei n.º 232/2012, de 29 de outubro, que
aprova o processo de privatização da ANA — Aeroportos de Portugal, SA (BE) e 523/XII (2.ª) — Cessação de
vigência do Decreto-Lei n.º 232/2012, de 29 de outubro, que aprova o processo de privatização da ANA —
Aeroportos de Portugal, SA (Os Verdes).
É tudo, Sr.ª Presidente.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Agora, sim, para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado
Bruno Dias.
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
Secretárias de Estado, Sr.as
e Srs. Deputados: No
Plenário da Assembleia da República, o PCP dá-vos a oportunidade de travarem um negócio ruinoso para a
própria soberania nacional.
Há poucos dias, no Funchal, numa audição parlamentar que o PCP promoveu sobre esta matéria, dizia um
cidadão que os aeroportos são a porta de entrada mais nobre do nosso País no presente. Ora, o Governo
prepara-se para entregar as chaves da porta da frente a um grupo económico, para este ficar com a gestão de
um negócio absolutamente milionário, pelas vantagens que vai obter, mas que é absolutamente ruinoso para o
Estado português, pelo que isto significa num setor absolutamente estratégico.
Sabemos que o encaixe financeiro desta operação, que tem sido mencionado para disfarçar o défice deste
ano, que é de cerca de 2000 milhões de euros, representa menos do que o encaixe que a ANA garantiu só
nos últimos 10 anos — 1270 milhões de euros em investimento, 366 milhões em resultados líquidos, 200
milhões em IRC, cerca de 500 milhões em IRS e na segurança social. E a concessão aeroportuária será por
50 anos!
Fica a pergunta: o que é que se prevê relativamente a obrigações que foram suscitadas quanto a
investimentos necessários para o futuro, como a repavimentação da pista do aeroporto de Porto Santo, ou as
questões do aeroporto da Horta, do novo aeroporto de Lisboa e das condições necessárias para a expansão
da manutenção aeronáutica na TAP, setor estratégico para o nosso País?
Srs. Deputados, esta privatização coloca mais um monopólio privado a sufocar a economia nacional, com a
destruição de postos de trabalho, e representa, a par da privatização da TAP, a alienação de toda a soberania
nacional no setor do transporte aéreo.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Exatamente!
O Sr. Bruno Dias (PCP): — Ainda não se concretizou esta privatização e já está anunciada a
consequência-primeira desta medida: o aumento das taxas aeroportuárias no aeroporto de Lisboa, uma
medida injusta e inaceitável, com evidentes prejuízos para a atividade turística, não só de Lisboa mas também
do centro e sul do País, originada no tráfego aéreo do aeroporto da cidade de Lisboa.
Já estão à vista, nesta região, neste País, as consequências — que ainda vão ser mais graves — desta
privatização que transforma uma operação de caráter estratégico para o País num negócio que é uma
autêntica liquidação de outlet.
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra o Sr. Deputado Paulo Batista Santos.
O Sr. Paulo Batista Santos (PSD): — Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: O PCP convoca esta
Câmara…