I SÉRIE — NÚMERO 26
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Fará sentido criar todo um corpo legislativo novo (novo se fosse aprovado, porque é uma repetição do que
foi apresentado), ao lado da legislação vigente, ao lado da Entidade Reguladora para a Comunicação Social
(ERC) e do seu estatuto de atuação, da lei da televisão, da lei da imprensa e da lei da rádio? Pura e
simplesmente, não nos parece.
A grande vontade de produção legislativa do Partido Socialista, neste capítulo, atinge um extremo que não
nos parece aceitável. E, como já referi, o nosso objetivo é o da clareza, o da adequação legislativa que
proporcione a transparência que todos, sem exceção, desejamos. Ora, esta iniciativa legislativa, de forma
muito clara, em resultado do debate que aqui travámos, em particular das intervenções dos Srs. Deputados
Catarina Martins e Bruno Dias, gera nada mais do que confusão, porque estivemos a falar de questões que
em nada estão conexas com o que depreendi da leitura do projeto de VV. Ex.as
.
É muito claro: este projeto de lei vem acrescentar a confusão que não se deseja, vem cercear um caminho
de legislação existente e que deve ser percorrido e em nada contribui para a transparência da propriedade e
dos próprios órgãos de comunicação social em Portugal.
Termino dizendo algo que não é bem um ditado, mas é uma frase que todos conhecemos bem: «Não volte
ao sítio onde já foi feliz». Neste caso, o facto de a Sr.ª Deputada Inês de Medeiros, nesse sítio, não ter sido
feliz não quer dizer que lá volte recorrentemente.
Aplausos do CDS-PP e do PSD.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Para uma intervenção, tem a palavra a Sr.ª Deputada Inês de
Medeiros.
A Sr.ª Inês de Medeiros (PS): — Sr.ª Presidente e Srs. Deputados, já que estamos numa de recorrer a
ditados, permitam-me que lhes diga, Srs. Deputados do PSD e do CDS: «De boas intenções está o inferno
cheio»!
A questão é muito simples: se os Srs. Deputados querem transparência, aprovam este projeto;…
Aplausos do PS.
… se não querem e mantêm essa vontade de opacidade, chumbam este projeto de lei que
reapresentámos.
Hoje em dia, há um consenso na sociedade sobre a absoluta necessidade deste projeto — foi o que
constatámos, aliás, em vários congressos que se têm realizado ultimamente, sobre o serviço público de
televisão e sobre a liberdade de imprensa, posição reforçada por vários comentadores e agentes políticos e
sociais. Portanto, os únicos que ainda não perceberam que estão contra a corrente e que estão a defender o
indefensável são os Srs. Deputados da maioria!
Sr. Deputado Raúl de Almeida, quero deixar muito claro que eu e o PS voltaremos sempre ao «sítio»
porque sabemos que temos razão! Portanto, os senhores poderão continuar a chumbar estas iniciativas e nós
continuaremos a apresentar, em cada sessão legislativa, um projeto de lei até aos Srs. Deputados admitirem
que esta situação não pode continuar. E não vale a pena esgrimir falsos argumentos!
Os Srs. Deputados falam da lei da rádio e da televisão, mas este projeto é a extensão do que está na lei da
rádio e da televisão para todo o setor, não é uma alteração da lei da rádio e da televisão. Portanto, esse
argumento é falso.
Os Srs. Deputados estão a atirar poeira para os olhos dos portugueses, o que vos fica mal nesta altura. A
questão é simples: o que é os Srs. Deputados querem, transparência ou opacidade? Decidam!
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Não havendo mais inscrições, dou por concluída a discussão, na
generalidade, do projeto de lei n.º 312/XII (2.ª).
Vamos prosseguir com a apreciação do Decreto-Lei n.º 232/2012, de 29 de outubro, que aprova o processo
de privatização da ANA — Aeroportos de Portugal, SA [apreciação parlamentar n.º 41/XII (2.ª) (PCP)].