6 DE DEZEMBRO DE 2012
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Por isso, o Partido Socialista tem sido muito claro nesta matéria: entendemos — e já apresentámos esta
proposta várias vezes, a última das quais em sede de discussão do Orçamento do Estado — que o processo
de privatizações deveria ser suspenso até que seja regulamentada a salvaguarda dos interesses estratégicos
nacionais.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — É por essa razão que defendemos, de um modo muito claro, que o
processo de privatização da ANA deve ser suspenso, daí termos apresentado (em breve, estará agendado
para Plenário)…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Em breve? Só se for para janeiro!
O Sr. Rui Paulo Figueiredo (PS): — … um projeto de resolução que o defende. Mas, Sr.ª secretária de
Estado, também consideramos que este processo tem sido marcado por falta de transparência, por falta de
rigor e por uma grande opacidade.
Há pouco, tivemos um debate sobre a propriedade dos meios de comunicação social, em que, também
aqui, a maioria defendeu a falta de transparência e a opacidade. Começa a ser uma imagem de marca deste
Governo e desta maioria a falta de transparência e a opacidade!
Também defendemos diálogo institucional e diálogo social, que é o que não temos tido. Ainda ontem
tivemos oportunidade de receber, na Comissão de Economia e Obras Públicas, uma dezena de sindicalistas a
propósito da TAP que se queixavam da falta de diálogo do Governo. Nós queremos que haja, nesta matéria
das privatizações, diálogo social e diálogo institucional e queremos, também, que este processo seja mais
rigoroso e mais transparente.
Negociações particulares e ajuste direto não são métodos que defendam os interesses nacionais.
Cadernos de encargos e possíveis vencedores escolhidos no mesmo dia, no mesmo Conselho de Ministros,
não é um processo transparente. O mesmo se diga de separar o caderno de encargos e os possíveis
vencedores com três ou quatro dias, ou com uma semana de intervalo e, depois, ir mudando as regras a meio
do caminho. Estes não são processos transparentes, Sr.ª Secretária de Estado.
No caso da ANA, importa salvaguardar as infraestruturas. Temos queixas no Porto (de Rui Rio), nos
Açores, na Madeira e em Beja, temos o problema, já aqui focado, das taxas aeroportuárias e precisamos que
este debate seja aprofundado e queremos mais escrutínios.
Por isso, Sr.ª Secretária de Estado e Caros Colegas da maioria, nós vamos apresentar, em sede de
Comissão de Economia e Obras Públicas, requerimentos para que seja feito um conjunto de audições sobre a
TAP e sobre a ANA, porque precisamos de mais escrutínio, de mais debate e de mais defesa dos interesses
estratégicos nacionais.
Contamos com a disponibilidade do CDS e do PSD para viabilizar essas intervenções. Já temos o caso da
Cimpor e vale a pena pensarmos que não queremos que aconteça o mesmo nem à TAP nem à ANA.
Aplausos do PS.
A Sr.ª Presidente (Teresa Caeiro): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado Hélder
Amaral.
O Sr. Hélder Amaral (CDS-PP): — Sr.ª Presidente, Sr.as
Secretárias de Estado, Sr.as
e Srs. Deputados:
Sobre esta matéria, gostava de situar na discussão presente este processo de apreciação parlamentar 41/XII
(2.ª), do PCP, que é, a exemplo de outros, tecnicamente, e não só, ideológico. Portanto, nessa matéria, trata-
se de um processo coerente com aquilo que o Partido Comunista Português costuma defender.
Estando longe daquilo que o Partido Comunista aqui defende, gostaria de dizer que, ainda assim, pondo de
lado as suspeitas nunca provadas e apenas e só anunciadas, parece-me que quer o PS, quer o PSD, quer o
CDS têm uma visão das privatizações diferente. O Partido Socialista, desde logo, porque inscreveu estas de