I SÉRIE — NÚMERO 28
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Do meu ponto de vista, aquilo que foi divulgado em projeto de conclusões antecipadamente, e que creio
terá sido distribuído também aos diversos grupos parlamentares, como, de resto, aos parceiros sociais, aponta
justamente um roteiro muito importante para que, em três passos, mas entre 2013 e 2014, este exercício
possa ser completado.
Em primeiro lugar, criar-se-á uma única entidade responsável pela supervisão bancária, que é o Banco
Central Europeu, que deve atuar de forma descentralizada com os bancos centrais nacionais sob a mesma
regra de supervisão. O que significa que todos os bancos estarão em igualdade de circunstâncias perante a
supervisão. Isso será acompanhado, numa primeira fase, por uma harmonização das regras que respeitam
aos fundos de garantia de depósitos e ao Fundo de Resolução, que nesta altura tem uma base nacional. O
objetivo é o de que, ainda em 2013, seja constituída uma autoridade responsável pela resolução bancária em
toda a Europa.
Infelizmente, não é ainda possível no projeto de conclusões que foi distribuído ver um objetivo igualmente
ambicioso para os fundos de garantia de depósitos. O Governo português tem-se batido, e continuará a bater-
se, para que exista também um fundo europeu de garantia de depósitos. Não bloquearemos todo o projeto de
união financeira se esse dado não for já adquirido, mas bater-nos-emos por ele e achamos que ele é
indispensável para que haja efetividade no funcionamento deste novo mecanismo.
Em segundo lugar, sabemos também que está prevista a criação de alguma capacidade orçamental, ao
nível da zona do euro, para responder a choques assimétricos a que os diversos países do euro possam estar
sujeitos. Essa capacidade é importante e permitirá, por exemplo, em matéria de desemprego, ter meios de
fazer equilíbrio ou fine-tuning, como se costuma dizer, do ponto de vista económico e orçamental, não apenas
com o esforço dos contribuintes de cada país que for afetado por esses esforços mas também com um esforço
a nível europeu e central.
Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente António Filipe.
O Sr. Presidente: — Sr. Primeiro-Ministro, queira concluir, por favor.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Portanto, creio — e concluirei — que está ao nosso alcance, nesta reunião do Conselho Europeu, aprovar uma estratégia que complete o desenho da união económica e monetária. Com
essa estratégia, devidamente casada com as reformas que já vimos fazendo ao nível da disciplina orçamental
e da coordenação económica entre os diversos Estados, e com o reforço do papel da Comissão Europeia
estaremos a dar um passo seguro para o aprofundamento político da União Europeia e o reforço do projeto do
euro.
Aplausos do PSD.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para uma intervenção, o Sr. Deputado António José Seguro.
O Sr. António José Seguro (PS): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Srs. Membros do Governo: Realizamos este debate uma semana antes da realização da reunião do Conselho Europeu, e fazemo-lo num
momento importante em que temos conhecimento de duas informações relevantíssimas.
A primeira informação é a de que a Europa não é capaz de se entender nem de tomar decisões sobre
questões fundamentais. O adiamento que teve de ocorrer em consequência de não se ter chegado a um
acordo sobre o orçamento da União Europeia é um exemplo do que acabo de referir.
A segunda informação tem a ver com o facto de a zona euro se encontrar em recessão técnica e de ontem
termos tido conhecimento de que mais países entraram em recessão. Já não é só a Grécia, já não é só
Portugal, já não é só a Espanha; países como a Dinamarca, a Finlândia ou a Bélgica estão também em
recessão.
Ora, isto é consequência dos erros de avaliação e de política que os líderes europeus têm vindo a cometer
desde há cinco anos, desde o início desta crise. Em primeiro lugar, houve um erro de análise: entendeu-se