I SÉRIE — NÚMERO 28
34
Ministro entende que em cada projeto apresentado, mesmo prejudicando os interesses do País, Portugal quer
ser o bom aluno, e o senhor desvela-se pelo carinho da Sr.ª Merkel ou do Sr. Schäuble. Portanto, aquilo que
interessa agora discutir é saber quem representa e por quem se bate o Governo português.
Podia o Governo português defender Portugal e a situação portuguesa? Podia. Podia o Governo português
defender a renegociação dos termos do Memorando? Podia. Podia o Governo português defender o mínimo,
que é as democracias e os povos pagarem o mesmo em termos de juros que paga a banca que provocou esta
crise? Podia. Vai o Governo português fazê-lo? Não. É toda a história da sua política europeia. Uma desgraça
para a Europa mas uma desgraça maior para os portugueses, que sabem que o senhor tem de ser afastado.
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Heloísa Apolónia para uma intervenção.
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — Sr. Presidente, Sr. Primeiro-Ministro: Na sua intervenção inicial, falou tanto, tanto, dos bancos e do sistema financeiro e falou tão pouco, tão pouco, das pessoas!… O Sr.
Primeiro-Ministro falou das multinacionais, falou dos grandes, mas não falou das pessoas e dos seus
problemas concretos.
Sr. Primeiro-Ministro, no próximo Conselho estará em discussão a questão da supervisão bancária, que é
mais um exemplo de como os centros de decisão de todos os setores se afastam cada vez mais dos povos e
se centram em rostos que não conhecemos e que não nos dizem nada. Sempre, mais e mais!… Isto
demonstra bem que a União Europeia não tem os pés bem assentes na terra, na realidade que os povos dos
diferentes Estados da União Europeia estão a viver, e que são muito diferenciadas.
Sr. Primeiro-Ministro, não sabemos exatamente como é que funcionam os Conselhos Europeus. Os chefes
de Governo chegam lá e dizem o quê, exatamente?
Será que o Sr. Primeiro-Ministro, quando chegar ao Conselho, vai dizer assim: «Meus amigos, o Eurostat
assegura que o desemprego em Portugal já está em 16,3% (num ano subiu de 13,7% para 16,3%) e que a
taxa de desemprego jovem em Portugal — assustem-se meus amigos! — é quase 40%, já ultrapassa os 39%.
A OCDE diz-nos uma coisa assustadora: que em 2013 teremos uma recessão que será quase o dobro daquilo
que nós, Governo português, previmos. Ou seja, nós dizíamos, no Orçamento, que seria de 1%, mas a OCDE
diz-nos que será de 1,8%. A OCDE diz-nos também que a nossa taxa de desemprego tocará, em 2013, os
17%, quando nós prevíamos uma brutalidade mas que era só 16,4%.»? É isto que vai dizer, Sr. Primeiro-
Ministro, para acordar, para despertar alguém na União Europeia, e até o próprio Governo português, para a
nossa realidade concreta, que é absolutamente insustentável?
O Sr. Primeiro-Ministro vai ao Conselho Europeu dizer, por exemplo, que sem capacidade produtiva não
nos levantamos e que temos de dinamizar o nosso aparelho produtivo, aquele que a União Europeia nos
pagou para quebrarmos — porque recebemos financiamento europeu para liquidar a nossa capacidade de
produção em tantos setores, como na agricultura e nas pescas —; que é esta inversão de políticas que tem de
acontecer e que, sem aparelho produtivo, não nos levantamos?
O Sr. João Oliveira (PCP): — Exatamente!
A Sr.ª Heloísa Apolónia (Os Verdes): — É isto que vai dizer, Sr. Primeiro-Ministro?
Aplausos do PCP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Magalhães para uma intervenção.
O Sr. Nuno Magalhães (CDS-PP): — Sr. Presidente, Sr.as e Srs. Deputados, Sr. Primeiro-Ministro, Srs. Membros do Governo: Tratando-se este de um debate de preparação do próximo Conselho Europeu, creio