10 DE DEZEMBRO DE 2012
31
que esta era uma crise de cada um dos países. Em segundo lugar, houve um erro quanto à solução: os países
foram obrigados a aplicar a estratégia da receita da austeridade.
Desde o primeiro momento, o Partido Socialista discorda quer desse diagnóstico, dessa abordagem, quer
da solução proposta.
Entendemos, em primeiro lugar, que cada país tem os seus desequilíbrios próprios, os quais tem que
resolver, mas, sendo membros de uma união económica e monetária, só através de uma ação conjugada de
políticas ao nível da União e de políticas nacionais é que conseguiremos sair desta crise.
Vozes do PS: — Muito bem!
O Sr. António José Seguro (PS): — Em segundo lugar, pensamos que a solução para crise não deve ter como prioridade a austeridade do custe o que custar; a solução para a crise deve ter como prioridade o
crescimento económico aliado a rigor e a uma grande disciplina orçamental.
Foi por isso que o Partido Socialista, em total coerência, não hesitou e votou favoravelmente o tratado fiscal
europeu — foi o primeiro partido socialista europeu a fazê-lo, mesmo estando na oposição. Contudo, nunca
abdicou, e propô-lo aqui, de um ato adicional para o crescimento e para o emprego,…
O Sr. Carlos Zorrinho (PS): — Bem lembrado!
O Sr. António José Seguro (PS): — … que foi rejeitado uma vez por este Governo. Mas o Governo teve que vir ao encontro das posições do Partido Socialista, por uma única razão: porque, caso contrário, também
ficaria isolado do consenso europeu. E, em junho deste ano, por iniciativa do Presidente François Hollande, a
União Europeia aprovou um pacto para o crescimento e para o emprego.
O que acontece é que os líderes europeus da maioria conservadora e liberal têm sido incapazes de
executar esse plano.
Por isso, quando o Primeiro-Ministro vem aqui dizer que este é um grande momento e que, finalmente, a
união económica e monetária vai ser completada e vai ter uma dimensão económica, nós não temos essa
certeza, porque não acreditamos na convicção das suas palavras, nem na convicção das palavras dos líderes
europeus.
Aplausos do PS.
A União à qual pertencemos nunca foi uma união económica, foi sempre uma união monetária: tem uma
política comum cambial, tem uma política monetária comum, mas tem 17 políticas orçamentais diferentes. E
não conheço no mundo nenhuma união que possa ser económica com 17 políticas orçamentais
completamente diferentes.
Isso coloca-nos uma questão fundamental, que é a necessidade de dotarmos a União Europeia de mais
recursos próprios que não fiquem capturados pelos egoísmos dos Estados, nem das opiniões públicas de
cada Estado, como acontece atualmente na Alemanha.
Mais recursos para o orçamento da União foi uma proposta que aqui fizemos no mês passado. O Primeiro-
Ministro resignou-se com menos recursos para a União Europeia e com menos dinheiro para Portugal.
Aplausos do PS.
Há muito que propomos uma taxa sobre as transações financeiras.
Propusemos também que 50% dos fundos comunitários não utilizados no atual Quadro Comunitário de
Apoio pudessem ficar à disposição da União Europeia para relançar a economia e para preservar postos de
trabalho.
Defendemos a mutualização de uma parte da dívida e um papel mais ativo do Banco Central Europeu.
Defendemos a concretização dos project bonds. Perguntei ao Primeiro-Ministro de Portugal, no mês
passado, quantos projetos Portugal já tinha apresentado em função da decisão adotada no Conselho Europeu