I SÉRIE — NÚMERO 28
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Ministro. E não têm qualquer apoio na ação social escolar para alimentação, para os manuais e para o
transporte! Mesmo os alunos incluídos no escalão A não têm acesso à totalidade dos manuais.
Sr. Primeiro-Ministro, uma vez que referiu a Constituição, como é que, entendendo de forma perversa o
que a Constituição prevê em relação à educação, quer fazer os alunos, os pais, os portugueses pagarem
ainda mais por esse direito inalienável que é o direito à educação?
Aplausos do PCP.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Primeiro-Ministro.
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Jerónimo de Sousa, sobre a matéria referente à Grécia, não preciso de desautorizar ninguém do Governo, porque ninguém do Governo disse coisa diferente
daquilo que eu disse.
O Sr. Honório Novo (PCP): — Precisa, precisa!
O Sr. Primeiro-Ministro: — E não preciso de desautorizar — nem nunca o faria — o Sr. Presidente da República, mas ainda ontem tive oportunidade de sublinhar que a perspetiva que ele enunciou coincide
exatamente com a que o Governo exprimiu.
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Só pode estar a brincar!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Portugal não é a Grécia, Portugal não pode deixar de lutar, no âmbito do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira, pelas mesmas condições que se aplicam à Grécia neste último
programa, dentro da sua estratégia de regresso a mercado, e não deixaremos de o fazer, como sempre
fizemos até aqui.
Não há, portanto, nenhuma trapalhada, exceto aquela que o Sr. Deputado insiste em referir de forma
retórica.
O mesmo se passa na educação. O Sr. Deputado referiu-se a uma entrevista que dei a um canal de
televisão em que referenciei que precisámos de respeitar a Constituição no que respeita às áreas sociais. Sr.
Deputado, repare só a forma como se consegue distorcer aquilo que é dito, e vamos ver agora quem quer
enganar quem!
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
Protestos do PCP.
Na entrevista que dei, que o Sr. Deputado não deve ter ouvido, eu disse que os cortes que devíamos fazer,
em matéria de políticas sociais, não podiam deixar de respeitar os limites da Constituição…
O Sr. Miguel Tiago (PCP): — Não foi nada disso!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … e disse, Sr. Deputado, que, em matéria de Constituição, havia um tratamento diferente entre a educação e a saúde, que dava a possibilidade de haver uma repartição, na área
da educação, entre o esforço dos contribuintes através dos impostos e o seu esforço direto, no pagamento de
serviços, diferente da saúde.
Sr. Deputado, isto é uma constatação, não é uma intenção!
Protestos do PCP.
Se o Sr. Deputado faz as suas perguntas para obter a minhas resposta, não vejo por que não a quer ouvir!
É por que quer ouvir a sua pergunta e não a minha resposta.