I SÉRIE — NÚMERO 28
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crise e de evitar novas crises desta natureza. E os resultados, Sr. Deputado Luís Montenegro, têm sido
consistentes.
Nós temos, ao contrário da Grécia — não o digo para nos vangloriarmos, porque desejaria que a Grécia
não estivesse na situação em que está —, conseguido reduzir o nosso défice orçamental, quer em termos
nominais quer em termos de base estrutural; temos conseguido cumprir os objetivos que levam os mercados
financeiros a acreditar melhor na nossa dívida — desde fevereiro deste ano que a valorização dos títulos de
dívida portuguesa tem sido constante e superior a mais de 50%, até novembro deste ano, o que está bem
espelhado na queda dos juros contínua, que temos vindo a observar em todos os prazos,…
O Sr. Pedro Lynce (PSD): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — … de forma que, em muitos deles, estamos mesmo a níveis bastante anteriores àqueles que antecederam o pedido de resgate.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Mais: temos visto grandes empresas portuguesas recorrer a mercados externos, o que não acontecia desde janeiro de 2011.
É hoje possível, a várias empresas de grande dimensão em Portugal, fazer emissões obrigacionistas, quer
dizer, recorrer a financiamento em mercados externos, aliviando, dessa maneira, o mercado interno para as
pequenas e médias empresas, o que significa, portanto, que os investidores têm vindo a acreditar cada vez
mais, não só nos títulos de dívida portuguesa mas também nas obrigações das empresas portuguesas. E este
é um aspeto fundamental, Sr. Deputado.
O Estado pode viver com mais ou menos dificuldade, dentro de um financiamento oficial, mas a economia
real, as empresas e as famílias não resistem eternamente a condições dessa natureza. Se não tivermos a
possibilidade de, paulatinamente, regressar a financiamento não oficial, para que os nossos bancos tenham
acesso a esse financiamento — dois já fizeram emissões obrigacionistas em mercados externos, o Banco
Espírito Santo e a Caixa Geral de Depósitos —, se as empresas não tiverem a possibilidade de disputar os
mercados externos com condições de acesso a financiamento internacional, se as famílias não puderem ter
acesso a esse financiamento, então de pouco vale o esforço de consolidação que o Estado faz das suas
próprias contas públicas.
Esse é um trabalho que temos vindo a alcançar e que está complementado no facto de, como ainda hoje
será bem percetível, ver caminhar as nossas exportações a evidenciar esta mudança de mercado interno para
mercado externo, do ponto de vista da orientação do nosso investimento. E estamos a chegar a um nível de
taxa de cobertura das exportações que indica que já não falta muito tempo para que Portugal possa pagar o
que importa com o valor das suas exportações, que é como quem diz que não precisa de se endividar ao
exterior para poder viver.
O Sr. Luís Menezes (PSD): — Muito bem!
O Sr. Primeiro-Ministro: — Sr. Deputado, este tem sido um trabalho de grande, grande coragem de todos os portugueses. E parece-nos contraditório que, nestes aspetos que constituem um motivo de esperança e
são uma mensagem positiva para os portugueses — o que significa que a direção que estamos a dar ao País
é a direção certa, apesar de nem todos os resultados serem aqueles que nós desejávamos e o mais
penalizador de todos tem sido o desemprego —, muitas vezes, muitos agentes, no debate público nacional,
prefiram enfatizar as desgraças e o impacto negativo no curto prazo das medidas que estamos a tomar, em
vez de salientar os aspetos muito positivos para o País que estamos a alcançar, que são reconhecidos em
todo o lado, mas que não conseguimos que, em nenhum debate desta natureza, os partidos da oposição
reconheçam.
Que os partidos que aqui estão e que não apoiam o Governo não omitissem os bons resultados que os
portugueses têm alcançado,…