I SÉRIE — NÚMERO 32
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Agora, chegou o tempo de construir tudo o que ficou por fazer: da reestruturação do ensino superior à
aposta na formação profissional; da reindustrialização à prioridade ao mar e à agricultura; da moralização da
vida pública à responsabilização dos titulares de cargos políticos; da reforma do Estado ao repensar das
políticas sociais, mas, sobretudo, da proteção dos mais fracos, dos mais pobres, dos mais desprotegidos.
Numa palavra: chegou o tempo de garantirmos o Estado social.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
É, pois, missão das novas gerações evitar que façam às próximas o que fizeram a esta: hipotecar o seu
presente e onerar o seu futuro.
É, por isso, determinante dizer que aqueles que nada querem mudar, aqueles que querem deixar tudo na
mesma são os mesmos que defenderam um Portugal que foi às portas da bancarrota, que privilegiou os ricos
e desprotegeu os mais pobres.
Aplausos do PSD.
Nós, nesses, não nos revemos. Nós não somos desses.
Sr.ª Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Gomes Canotilho, constitucionalista de referência, disse, há um
mês, que a ideia de cada geração ter direito à sua Constituição é verdadeiramente legítima.
E a verdade é que o texto constitucional já demonstrou não ser capaz. Não ser capaz de proteger os mais
pobres, de acabar com os privilégios, de garantir a sustentabilidade de um seguro social justo e permanente.
Não foi capaz de deixar de ser um espartilho ao crescimento e ao desenvolvimento. E, sobretudo, não foi
suficiente para acabar com as iniquidades e se adaptar à realidade política e sociológica.
A minha geração sabe que, se nada mudar, nós não vamos discutir a reforma aos 65, 66 ou 67 anos. Sabe
que, se tudo ficar na mesma, não tem direito a coisa alguma.
A minha geração sabe que, se nada mudar, as prestações sociais, na educação e na saúde, estão em
causa.
Nós sabemos que, se nada mudar, é o nosso futuro que está em causa.
E nós não podemos aceitá-lo: a gratuitidade no acesso à saúde e à educação, para quem não pode pagar,
é um direito inalienável que terá sempre, mas sempre, em nós grandes defensores.
Aplausos do PSD.
Mas é socialmente justo, numa altura em que os impostos dos portugueses são esmagadoramente usados
para pagar juros e dívida, que quem ganha 5000 €, 6000 €, 10 000 € e 15 000 € pague o mesmo que quem
ganha 600 €, 700 € ou 800 € no acesso à saúde? Mas é justo que continuem a existir pensões, pagas pela
segurança social, de 4000 €, 5000 €, 6000 € e 7000 € e outras de 300 € e 350 €? Não, não é! Não é este o
País em que acreditamos. E é essa reflexão que todos temos de fazer.
Aplausos do PSD.
É por isso que queremos colocar na agenda pública a discussão da sustentabilidade permanente do
Estado social. É para este desafio que estamos todos convocados e do qual ninguém se pode esconder nas
dificuldades das palavras, no medo das eleições ou nos dogmas ideológicos que há muito se demonstram
ultrapassados. Este é um apelo que daqui lanço a todas as bancadas: assumam as vossas responsabilidades
e vamos garantir o futuro e a sustentabilidade do Estado social. Para que Portugal possa crescer; para que,
em Portugal, se crie emprego; para que a juventude portuguesa tenha um futuro.
E tudo isto porque todos juntos temos uma missão: cumprir Portugal.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.