28 DE DEZEMBRO DE 2012
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O Sr. Nuno Encarnação (PSD): — É esse o vosso discurso. Para o Partido Comunista, quanto mais
greves melhor para este País, quanto mais parar o País melhor para os vossos discursos. No dia em que tudo
isso acabar o PCP não existe.
Risos da Deputada do PCP Rita Rato
Sempre foi isso que aconteceu.
O Sr. Deputado diz algo interessante: que não podemos salvar o Estado destruindo o Estado. E eu
pergunto, Sr. Deputado: o que é que andámos a fazer estes anos todos? O que é andou a fazer o Partido
Socialista senão a destruir este Estado, senão a endividar este Estado para além das nossas possibilidades,
senão a contrair dívida para que esta geração e a próxima tenham que a pagar, e que tenham de a pagar com
o seu próprio futuro?
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Com o apoio do PSD!
O Sr. João Oliveira (PCP): — Ainda hão de ser responsabilizados por isso!
O Sr. Nuno Encarnação (PSD): — Parece que o Sr. Deputado também não leu bem a mensagem do Sr.
Primeiro-Ministro. Parece que o Sr. Primeiro-Ministro não pode sequer endereçar uma mensagem de Boas
Festas. Parece que querem amordaçar o Sr. Primeiro-Ministro. Mas essa altura de amordaçar o País já
passou. O Portugal amordaçado já não é o País de hoje.
O Sr. Primeiro-Ministro falou com realidade daquilo por que os portugueses passam hoje, das enormes
dificuldades que sentimos, das desigualdades sociais — são essas as palavras da sua mensagem. Ninguém
foge a esta realidade.
Mas, Sr. Deputado, o que nós queremos e o que o Sr. Primeiro- Ministro quer é dar uma mensagem de
esperança a este País, que tanto precisa, é dar uma melhoria e um futuro a este País, que tanto precisa,…
O Sr. Bernardino Soares (PCP): — Com ele não há esperança nenhuma!
O Sr. Nuno Encarnação (PSD): — … é não esconder tudo aquilo que foi escondido no passado e dizer a
todos os portugueses que é possível recuperar este País, mas que tem de ser sempre à conta de sacrifícios.
Não há erros do passado que se cubram sem os sacrifícios do presente. É tudo, Sr. Deputado.
Aplausos do PSD.
A Sr.ª Presidente: — Para responder, tem a palavra o Sr. Deputado Miguel Tiago.
O Sr. Miguel Tiago (PCP) — Sr.ª Presidente, o Sr. Deputado Nuno Encarnação não fez propriamente
nenhum pedido de esclarecimento. Mas deixe que lhe diga, Sr. Deputado, que para o PCP é muito claro que o
PSD não é o único responsável pelo estado a que o País chegou. Na verdade, temos vindo a dizer que a
política de direita, seja ela prosseguida pelo Partido Socialista, pelo PSD, com ou sem o CDS, é a origem dos
problemas com que o País hoje se confronta. E desde que se abandonou o projeto de Abril pelas mãos desses
mesmos partidos, o País iniciou a sua trajetória de degradação, que impende sempre sobre as mesmas
camadas da população, que castiga sempre as mesmas camadas da população, que, curiosamente, são os
trabalhadores.
Sr. Deputado Nuno Encarnação, quem governou o País nos últimos 36 anos foram precisamente esses
partidos. Se vem aqui reconhecer a sua culpa e a sua responsabilidade na destruição do Estado, então, da
parte do PCP, podemos apenas afirmar que tínhamos razão quando o afirmávamos. Se veio aqui tentar
desresponsabilizar-se da destruição de que é parte responsável o seu partido, então não podemos, como é
evidente, confirmar a sua tentativa de desresponsabilização.
«Quanto pior, melhor» não é para o PCP, Sr. Deputado. «Quanto pior, melhor» é para a banca, é para os
grupos económicos que vêm comprar a preço de saldo e que vêm aqui a Portugal levar quase de borla, e em