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I SÉRIE — NÚMERO 35

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privatizações, das concessões e das vendas teve outros fins que não o fim primeiro do interesse do Estado

português.

Em segundo lugar, queria perguntar à Sr.ª Deputada se se lembra de ter ouvido o Sr. Primeiro-Ministro

dizer que uma dívida de 90% ou 94% do PIB passou, agora, a uma dívida de 120% do PIB.

Em terceiro lugar, queria ainda perguntar-lhe se ouviu o Sr. Primeiro-Ministro dizer que o desemprego

ultrapassou os 17%, que o desemprego real está acima do 20%, que o défice previsto não foi atingido e que a

dívida pública é a maior da história portuguesa!

Em quarto lugar, gostaria de perguntar-lhe se considera, sim ou não, que o Governo, com o dinheiro das

privatizações, das concessões e das vendas, não só não está a contribuir para diminuir a dívida como está a

contribuir para «martelar» o défice do Estado português, para aumentar o desemprego dos portugueses e para

aumentar as dificuldades das famílias.

Por último, gostaria que me respondesse se tem memória de o Sr. Deputado Hélder Amaral, do CDS, ter

dito que o Governo ia encontrar maneira de também pôr os reformados a contribuírem. É ou não verdade que

os reformados já contribuíram tudo o que tinham a contribuir?

Aplausos do PS.

Entretanto, assumiu a presidência o Vice-Presidente António Filipe.

O Sr. Presidente: — Tem a palavra a Sr.ª Deputada Cecília Honório, para responder.

A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Sr. Presidente, Sr. Deputado José Junqueiro, obrigada pelas suas

questões.

A história da democracia tem um vergonhoso trajeto de privatizações sem critério, e grande parte desse

trajeto deveu-se a políticas de governos do Partido Socialista.

Mas o que hoje estamos aqui a discutir — e reconheço o apelo que foi feito e a seriedade que esse apelo

tem — é esta política selvagem de privatizações a qualquer preço feitas nos bastidores, com candidatos

sinistros e negociatas que, muitas vezes, só a pressão pública e o escândalo conseguem limitar.

Contudo, quero salvaguardar aquilo que me parece ser o mais importante em todo este debate de final de

ano e de antecipação do ano de 2013, com todas as responsabilidades que a esquerda tem em mãos. E a

verdade é que concluímos que a austeridade só agravou o défice e a dívida e que nem mesmo os

responsáveis deste Governo acreditam no número miraculoso da redução do défice e no défice de 4,5% no

final do próximo ano. Já nem o próprio Governo acredita nos números milagrosos que inventou.

Desse ponto de vista, no próximo ano, a responsabilidade é a mesma das grandes escolhas que temos que

fazer. E as grandes escolhas são estas: ou o Memorando da austeridade ou a restituição dos salários que

foram tirados aos portugueses, a restituição dos direitos que lhes foram retirados e dos direitos que lhes vão

ser retirados hoje. A escolha é esta: ou o Memorando da austeridade, esta subordinação sem qualquer

espécie de voz que se faça ouvir perante a tutela estrangeira, ou a dignidade, os direitos de trabalho, os

salários restituídos aos portugueses e o Estado social.

Portanto, estas são as escolhas que temos pela frente. No próximo ano, é a essa responsabilidade que o

Bloco de Esquerda responderá.

Aplausos do BE.

O Sr. Presidente (António Filipe): — Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado Miguel

Santos.

O Sr. Miguel Santos (PSD): — Sr. Presidente, Sr.ª Deputada Cecília Honório, prestei bastante atenção à

sua declaração política e, apesar de estarmos na época natalícia, há coisas que não se perdoam, se bem que

não tenho nada que lhe perdoar.