28 DE DEZEMBRO DE 2012
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Ó Sr. Deputado, percebo o seu incómodo. De facto, não há metáfora que sirva, porque esta é a política do
descalabro! Importante — e que os senhores não querem assumir — é que têm hoje, à conta das políticas
deste Governo, 24% de desempregados. Isso é que é importante, Sr. Deputado! Isso é que os senhores têm
de assumir aqui!
Importante é os senhores perceberem que as pessoas estão desempregadas e que fizeram um País mais
injusto, um País mais pobre, para o qual não têm uma única estratégia de crescimento! Isso é que era
importante assumir aqui, Sr. Deputado!
Tal como é importante o saque que vão fazer à escola pública e ao Serviço Nacional de Saúde — a
redução aos mínimos das grandes conquistas da democracia. Isso é que era importante que reconhecesse,
mas isso era pedir-lhe muito mais do que aquilo que o senhor pode, porque o senhor veio aqui apenas ironizar
e pretender que faz parte dos «bonzinhos», quando, na verdade, a responsabilidade é vossa por tudo aquilo
que tem acontecido.
E não conseguem justificar a ironia da mensagem de Natal do Sr. Primeiro-Ministro — confesse lá, Sr.
Deputado!
Aplausos do BE.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Concluímos, assim, o primeiro ponto da nossa ordem de trabalhos,
respeitante a declarações políticas.
Segue-se a discussão, na generalidade, da proposta de lei n.º 110/XII (2.ª) — Estabelece um regime
temporário de pagamento dos subsídios de Natal e de férias para vigorar durante o ano de 2013.
Para apresentar esta proposta de lei, tem a palavra o Sr. Secretário de Estado do Emprego.
O Sr. Secretário de Estado do Emprego (Pedro Silva Martins): — Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados:
A proposta de lei que venho aqui apresentar constitui mais um passo para a modernização do mercado de
trabalho em Portugal, bem como para a sua adequação ao contexto atual.
Como é sabido, o pagamento dos subsídios de férias e de Natal, de uma forma concentrada em dois
meses específicos, cria, em muitos casos, obstáculos à boa gestão financeira por parte das empresas. Por
outro lado, importa também amenizar o impacto do aumento da carga fiscal que resulta do Orçamento do
Estado para 2013. Este aumento promove a consolidação orçamental do Estado, objetivo-chave para o
cumprimento dos compromissos internacionais que Portugal assumiu.
Neste sentido, o Governo, em discussão muito próxima com os parceiros sociais, e na sequência da
proposta de Orçamento do Estado, propõe o pagamento em duodécimos de metade dos subsídios de férias e
de Natal no setor privado. Em todo o caso, salvaguarda-se a possibilidade de cada empregador e trabalhador
acordarem pela manutenção do mesmo regime que se lhes aplica atualmente.
Por outro lado, estabelece-se ainda a necessidade de acordo entre o empregador e o trabalhador para a
adoção do novo regime, no caso de contrato de trabalho a termo e de trabalho temporário, dadas as
características particulares destes mesmos contratos.
Sr. Presidente, Sr.as
e Srs. Deputados: Esta proposta do Governo, desenvolvida em diálogo social e com
amplo debate, vai estabelecer um regime mais equilibrado de pagamento de salários. Em particular, esta
proposta do Governo provocará a antecipação do pagamento de parte das remunerações a que os
trabalhadores têm direito, permitindo, assim, a muitos ultrapassarem melhor as dificuldades provocadas pela
conjuntura atual.
Trata-se de uma medida adequada, que, estou convicto, merecerá o acolhimento alargado por parte desta
Assembleia.
Aplausos do PSD e do CDS-PP.
O Sr. Presidente (António Filipe): — Para uma intervenção, tem a palavra o Sr. Deputado Nuno Sá.