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I SÉRIE — NÚMERO 35

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alguns casos quase com Portugal a pagar, aquilo que os portugueses construíram com o seu investimento de

décadas, com o seu esforço de décadas, com o seu trabalho. Esses é que ganham quando a nossa situação

fica pior. Quem ganha quando a nossa situação fica pior não é o PCP, Sr. Deputado, são os bancos, que

lucram milhões e milhões, enquanto os portugueses pagam os juros do empréstimo da troica, que vai para os

bancos. Quem ganha com o «quanto pior, melhor», Sr. Deputado, não é o PCP, são as grandes empresas,

que usam as brechas que se abrem nas relações laborais, a fragilização nas relações laborais, que o seu

Governo provoca e que já o PS provocava.

Portanto, Sr. Deputado, quanto pior para os trabalhadores melhor para os grandes grupos! Quanto pior

para a generalidade do País mais esfregam as mãos de contentes os vassalos de Merkel e do diretório

europeu e mais esfregam as mãos de contentes os banqueiros, que amassam milhões e milhões.

Sr. Deputado, os números que aqui deixámos são muito claros: se em Portugal o trabalho reúne 40% do

rendimento anual e o capital reúne 60% do rendimento anual, como é que pode vir dizer que para o PCP, que

é quem denuncia esta situação, é «quanto pior melhor»?! Como é que pode dizer isso quando os

trabalhadores são responsáveis por pagar — ainda que obtendo apenas 40% da riqueza nacional — 72% dos

impostos que alimentam o Estado para os colocar ao serviço dos grandes interesses económicos?! Afinal de

contas, quem é que está melhor, Sr. Deputado?

Aplausos do PCP.

A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra, para uma declaração política, a Sr.ª Deputada Cecília Honório.

A Sr.ª Cecília Honório (BE): — Sr.ª Presidente, Sr.as

Deputadas, Srs. Deputados: O Primeiro-Ministro fez o

seu discurso de Natal aos portugueses omitindo a evidência de que o próximo ano vai ser o pior da história da

democracia.

Temos, hoje, um País mais pobre, mais injusto e uma democracia atrofiada pela tutela alemã, à qual o

Governo diz amen sempre que pode.

Disse-nos Pedro Passos Coelho, sem se rir, que as medidas para reforçar a competitividade e o

crescimento vão-nos levar até «dias mais prósperos». Felizmente, teve ainda a seriedade de não indicar

nenhuma dessas medidas em concreto ou seríamos obrigados a concluir o óbvio, ou seja, que são mesmas

políticas que estão a afundar a economia do País e que estão a atirar mais de 500 pessoas para o

desemprego cada dia que passa.

O Primeiro-Ministro deveria ter dito a verdade, dizendo que a este Governo se deverão, no próximo ano, as

mais duras políticas de sempre e que se a receita fundamentalista falhar farão o mesmo do costume: mais

austeridade, mais sacrifícios para os mesmos de sempre.

Vozes do BE: — Muito bem!

A Sr.ª Cecília Honório (BE): — O Primeiro-Ministro deveria ter assumido a verdade e ter dito «sim, somos

responsáveis por um desemprego real de 24%», «sim, temos uma ameaça kamikaze de destruição do Estado

social para 2013». São pelo menos 4000 milhões de euros; a escola e a saúde públicas são reduzidas ao

mínimo, num ataque sem precedentes às conquistas de democracia,

Sr.as

e Srs. Deputados, como se não chegasse esta relação tumultuosa com a realidade, o Primeiro-

Ministro transfigurou-se, assinando como «Pedro» numa das mais importantes redes sociais.

Falemos então dessa transfiguração e recordemos que foi um ministro do PSD, um antigo líder e um

conhecido comentador, que disse que o Governo tinha de mostrar mais afeto, e eis que o Primeiro-Ministro

passou a ser o Pedro do Facebook.

E onde o Primeiro-Ministro nos tira salários e aumenta impostos, o Pedro tem uma preocupação humana

para com o nosso sofrimento. E onde o Primeiro-Ministro tira o subsídio de Natal, o Pedro diz que este não foi

o Natal que merecíamos. Só há uma conclusão a tirar: este não é o Primeiro-Ministro que os portugueses

merecem!

Aplausos do BE.