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28 DE DEZEMBRO DE 2012

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O Primeiro-Ministro invocou ainda esses tempos — e cito — «em que nos sentámos em mesas em que a

comida esticava para todos», os tempos então dos «pobrezinhos mas honrados». Aliás, os mesmos em que o

ministro das finanças que tomou conta deste país durante décadas também comparava as finanças públicas à

gestão das contas das famílias e reconhecia os dotes das donas de casa como gestoras das contas da família.

Sr. Primeiro-Ministro, a Revolução de Abril foi há 38 anos, o País mudou, a democracia triunfou.

O Primeiro-Ministro esqueceu, mas os portugueses não esquecem, nem ignoram, que têm um Governo

sem legitimidade para este programa de empobrecimento forçado. Nem os apelos de meses e meses dos

notáveis do PSD para a remodelação do Governo foram ouvidos. Não remodelável, sem legitimidade, este

Governo está, de facto, em saldos e o País não aguenta mais.

O Sr. João Semedo (BE): — Muito bem!

A Sr.ª Cecília Honório (BE): — O Governo adotou a máxima de um conhecido banqueiro: «Os cidadãos

aguentam, aguentam mais austeridade? Ai aguentam, aguentam!»

Não, Sr.as

e Srs. Deputados do PSD e do CDS, o Governo aguenta bem, o País é que não aguenta mais.

O Sr. João Semedo (BE): — Muito bem!

A Sr.ª Cecília Honório (BE): — E, na verdade, já nem há fé que vos aguente: ninguém acredita no défice

de 4,5% no próximo ano.

A cruzada financeira do Ministro Gaspar e a sua indiferença perante uma economia que se afunda

sabemos bem o que são: são desajustamentos da realidade. É uma estratégia de costas voltadas para o País,

e estes delírios do Sr. Ministro de Estado e das Finanças são o pesadelo diário de cada família portuguesa. E

nem sequer já convencem os propósitos industrializadores do Sr. Ministro da Economia e do Emprego ditos

num dia e desmentidos no dia seguinte pela Sr.ª Ministra da Agricultura e pelo máximo responsável do próprio

PSD.

Temos ainda esse ministro «suspensório» deste Governo, desacreditado há meses, mas que continua a

tratar dos negócios nos bastidores e que não cai nem por nada, como se fosse uma espécie de carraça. A ele

se ligam a privatização da RTP; a venda de uma das empresas mais lucrativas do País, como a ANA, que

soubemos hoje em que mãos vai ficar; a extinção de freguesias; o fracasso da «encomenda» da privatização

da TAP, a qual vamos acompanhar e no futuro — veremos como será feita essa dita negociata de bastidores.

A resposta só pode estar na alternativa, e o Bloco de Esquerda responde à responsabilidade contra o

pântano político em que a maioria afundou o País.

Sabemos que a alternativa está no povo, na luta social, no movimento social e sindical, mas sabemos

também que o País não aguenta mais este Governo. A hora é de luta e a condição é a de que o Governo não

pode continuar e que o povo tomará nas suas mãos o seu destino, o seu futuro. Para isso, precisamos,

evidentemente, de eleições, porque a alternativa é a urgência em nome do futuro deste País!

Aplausos do BE.

A Sr.ª Presidente: — Sr.ª Deputada Cecília Honório, inscreveram-se, para lhe pedir esclarecimentos, os

seguintes Srs. Deputados: José Junqueiro, do PS, e Miguel Santos, do PSD.

A Sr.ª Deputada informou a Mesa que responderá após cada pedido de esclarecimento.

Tem a palavra, para pedir esclarecimentos, o Sr. Deputado José Junqueiro.

O Sr. José Junqueiro (PS): — Sr.ª Presidente, Sr.ª Deputada Cecília Honório, depois de ouvir a sua

declaração política, que penso ter toda a oportunidade, gostaria de lhe formular algumas perguntas.

Em primeiro lugar, gostaria de saber se considera que, depois das privatizações clandestinas e sem

acompanhamento, depois das concessões e das vendas que o Estado português fez através deste Governo,

se abateu um cêntimo que seja à dívida do Estado português ou se, eventualmente, esse dinheiro das