25 DE JANEIRO DE 2013
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políticas portuguesas, porque se tivesse a ver com as políticas portugueses haveria um resultado exatamente
ao contrário.
Sr. Deputado, queria fazer-lhe uma pergunta muito direta, porque é necessário, neste momento, olharmos
para o futuro com os olhos assentes no presente mas muito para além de qualquer exigência ou chantagem
sobre inevitabilidades ou sobre os dogmas que a direita tem trazido para cima da mesa.
Sr. Deputado, é suportável continuarmos a viver como vivemos hoje, com esta carga de impostos, com
este ataque contínuo aos direitos das pessoas, aos salários e às pensões, com este ataque contínuo à
economia através do rendimento das famílias? Acho que não, e a resposta que eu gostava de ouvir da sua
boca é esta: «Não, não é possível continuar assim». Portanto, Sr. Deputado, pergunto-lhe muito diretamente
se concorda que é necessário reduzir os impostos sobre as pessoas e sobre o trabalho; ou se concorda,
afinal, com as palavras de António José Seguro quando diz que se for primeiro-ministro não pode mexer nos
impostos.
Esta é uma matéria essencial. Necessitamos de clarificar hoje aquilo que queremos para Portugal e não
continuarmos no jogo político de gestão das agendas partidárias sem clarificar o essencial. E o essencial, Sr.
Deputado, é defender as pessoas e as famílias, não é continuar com este ataque que, no fundo, através de
impostos, é a continuação do dogma da direita de que tudo pode ser sacrificado em prol dos mercados,
inclusive as pessoas, os salários e as pensões.
Aplausos do BE.
A Sr.ª Presidente: — Tem a palavra o Sr. Deputado Pedro Jesus Marques para responder.
O Sr. Pedro Jesus Marques (PS): — Sr.ª Presidente, Sr. Deputado Miguel Frasquilho, a primeira parte do
seu pedido de esclarecimento girou à volta da síndrome do bom aluno. Aliás, ainda hoje ouvimos umas
declarações espantosas do vosso líder parlamentar, também atacado da mesma síndrome, mas de uma forma
muito mais agravada.
Disse o Sr. Deputado que esta alteração das maturidades aconteceu porque Portugal foi muito cumpridor e
muito respeitador dos ditames europeus. Sr. Deputado, está completamente baralhado! Então, esquece-se
que se trata apenas (e ainda não o foi) da extensão a Portugal das condições atribuídas à Grécia, a que os
senhores passam o tempo a chamar o incumpridor-mor da Europa? O senhor não se percebe que se tratou
apenas do princípio da igualdade de tratamento relativamente à situação insustentável em que estava a
Grécia?
Aplausos do PS.
Como pode invocar a síndrome do bom aluno para esse efeito, Sr. Deputado? Ignora a redução de juros da
Grécia de 25% para 10%, a situação da Espanha e acha que tudo isto é a síndrome do bom aluno? Ou será,
efetivamente, o papel do Banco Central Europeu a contribuir, em grande medida, para esta situação?
Se os senhores não quiserem compreender a natureza da mudança profunda da política europeia com a
mudança de postura do Banco Central Europeu na resposta a esta crise não estão a compreender onde
estamos e para onde temos de caminhar. Não querem perceber que a Europa terá de mudar também a
resposta da austeridade recessiva, desde logo nos países do sul, que estão confinados a uma espiral
recessiva sem fim se não mudar esta trajetória?
Sr. Deputado Miguel Frasquilho, bem sei que é respeitador do seu partido, e ainda bem que assim é, mas
já escreveu por mais de uma vez que é preciso alterar a trajetória e prolongar o ajustamento em Portugal, sob
pena de não regressarmos ao crescimento económico.
Aplausos do PS.
O regresso aos mercados não chega. Do nosso ponto de vista — e desta forma respondo também ao Sr.
Deputado Pedro Filipe Soares —, temos de estabilizar financeira, económica e socialmente o País.